Quem foi que disse Deus?

E mais: esta extraordinária peça chamada cérebro.

Às vezes me vejo agitado pensando nos amigos adeptos do nada. Nada existe, nada prossegue, nada sobra, ou que seja imortal enquanto dure, para lembrar a chama do poetinha.

Imagem de ressonância magnética do cérebro humano mostrando as curvas das fibras neuronais. PROJETO CONECTOMA HUMANO MGH-UCLA

Agora sou informado, para bem do meu bem-estar mental, da existência de uma nova rede sobre a rede cerebral conhecida desde Penfield. Há uma duplicidade de redes ou uma rede sobre outra, mas sem duplicidade de funções. Cada uma delas com sua complexidade e sua complexa funcionalidade.

Com isso minha tendência é de me acalmar, ou pelo menos saber que posso; o diabo é conseguir. Minha agitação, dizem os homens de ciência, se explica pela descoberta da nova rede cerebral. É que quando penso nesses amigos do nada a mente-cérebro envia um comando e, no meu caso, o corpo reage na altura do coração, o que me revela agitado. Uma outra pessoa poderia reagir na forma de dor de barriga.

Mas ao mesmo tempo que penso em mente e digo mente-cérebro, sou alertado por um outro neurocientista de que a mente não existe, tudo é cérebro. A nova rede cerebral descoberta é para ele a confirmação do que diz. Se a seguir me utilizo da palavra pensamento para descrever a atividade da mente, o que combina com o que pensa o primeiro cientista, a coisa se assenta e se conforma. Mas o outro continua dizendo: tudo é cérebro.

Mas não me conformo por aí. O que é extraordinário é a complexidade do que já é complexo. Uma rede cerebral já é fenomenal, duas é de desconcertar qualquer um. Tá certo, estamos na fase, segundo os neurocientistas, de compreender como o pensamento gera estímulos no corpo que vai se agitar em algum ponto. A descoberta da segunda rede no cérebro nos leva a isso. Mas estamos distantes, mesmo considerando agora as duas redes, de como este cérebro gera pensamentos. Ou não? Afinal, é o cérebro que pensa? Se sim, pelo menos deve existir nele uma área capaz de gerar pensamentos, ou seja, a sua parte inteligente.

Então, por que me agito ao pensar nos amigos do nada? É que estou engalfinhado nesta complexa (ou simplória) forma de pensar que nada nasce do nada, ou que tudo tem sua origem, fonte, seja lá o que for. Ou porque nasci ou porque existo e sou. É esta lógica que me enrodilha. Se o nada nada pode gerar, então nada vai terminar em nada. Afinal, quem criou essa coisa complexa chamada cérebro, que é deus e diabo do corpo, vida e morte, massa e pó? Em que prancheta foi projetado, que mão o traçou sob o império de que mente-cérebro e em que memória rígida gravou? Ah tá, então passa-me o link da núvem.

Ficou curioso sobre a nova rede cerebral? Clique.

Uma última pergunta: seriam essas redes centros de algoritmos do cérebro?

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