O caro Arnaldo da EME, amigo de tantas décadas, que assina Rodrigues de Camargo, enviou-me em abril passado um exemplar do seu livro Mente saudável, vida serena, recém-publicado pela mesma editora que fundou e com garra especial dirige na cidade de Capivari, interior de São Paulo. Edição bem cuidada, com ilustrações expressivas e cores leves, em acordo fino com o sentido dos textos que reuniu, páginas de sua criação esparsas aqui e ali, agora num só volume.
Aí está. Mente saudável, vida serena nos trás um Arnaldo de hoje, depois das esfregas editoriais que todo gráfico há de ter para ser de fato um editor, e das subidas e descidas da vida que a estrada apresenta em suas surpreendentes nuances diárias; mas é, no fundo, o mesmo homem de mais de quatro décadas atrás, quando o conheci e desde então persegui e provoquei, vi e admirei. Dedicado às boas causas, persistente, aprendiz em regime continuado, de fala tranquila, editor mais por destino que escolha, mas desafiador no ramo livreiro pelo qual se empolgou: o livro espírita.
Quando leio as páginas deste seu Mente saudável, vida serena, confesso, vejo por inteiro o mesmo homem que conheci nos anos 1980, junto à esposa Izabel na antiga residência de Capivari, onde pets e pássaros se misturavam a livros, filhos e desafios de sobrevivência, assim como sonhos e esperanças fundados na filosofia que Allan Kardec instituíra na longínqua Paris da segunda metade do século XIX. Aquele Arnaldo que, movido por uma coragem inexprimível, trocou uma carreira profissional segura pelo desafio editorial de produzir e vender livros, inicialmente impressos na singeleza das precárias impressoras manuais e composições gráficas a frio, dos tipos móveis e depois composições quentes, até alcançar o estágio das impressoras off set e das fotocomposições para final e vitoriosamente alcançar os dias de hoje dos processos digitais.
Buffon afirmou e polemizou por muito com a frase “o estilo é o homem”. Deve estar convencido, hoje, lá onde está, que tinha apenas parcial razão, mas a tinha. Nesse ínterim, me volto ao Arnaldo para afirmar que o seu estilo, especialmente, estilo de vida, brota com clareza do seu livro Mente saudável, vida serena, sem afirmar, claro, que o autor é detentor de uma trajetória de vida totalmente serena, porque disso os viventes na terra sabem perfeitamente que não a terão com facilidade. Mas em questão de estilo, na busca permanente de uma mente saudável, o Arnaldo é uma confirmação do pensamento de Buffon.
O destaque nesta sua obra em cores e crônicas é o coração que mantém e aparece melhorado na forma de estilo, amparado pela razão claramente sustentada na filosofia espírita, sólida e expressiva. Arnaldo é muito coração em frases e sentenças, exemplos e histórias que pega aqui e ali, numa tríade que faz despontar os exemplos que persegue em vida: Jesus, o homem de Nazaré, Chico Xavier, o médium de Minas Gerais, e Deus, nas vestes despojadas de adornos românticos qual o descreve o espiritismo. Mais do que uma declaração autobiográfica, que traria um dispensável ar de nepotismo, Mente saudável, vida serena é uma mensagem de esperança, na linha do nome que identifica a própria editora que criou e dirige com dignidade e luta diária.
Suas mais de 170 páginas exalam brisas serenas matinais, cheiro de mato verde molhado, o brilho do sol despertando, tudo isso na forma de pequenas histórias, exemplos de vida, esperanças aninhadas no peito de pais, mães e filhos que o tempo prematuramente distanciou e depois reuniu no conforto de mensagens espirituais. Arnaldo bem sabe que mente saudável é uma busca permanente e vida serena uma utopia animadora, como sabe e bem o diz que os exemplos dos seres humanos vitoriosos aos olhos da vida constituem estímulos ao desafio de ir em sua direção.
Ave Arnaldo.
Verdade, Wilson. Arnaldo é “cavaleiro da esperança” do movimento editorial espírita! Parabéns!!!