No último dia 2 de novembro de 2024, no Centro Espírita Allan Kardec, de Santos, São Paulo, aconteceu a sessão de homenagem à figura querida do pensador Eugênio Lara, recentemente regressado ao plano dos espíritos. Foi ele ativo membro do Grupo de Santos, um dos fundadores do CPDoc, Centro de Pesquisas e Documentação Espírita, criador com José Rodrigues do sítio PENSE, arquiteto, jornalista, pesquisador, designer gráfico, escritor. Com pesquisa e apoio da IA, aqui vai um pouco de sua obra.

Eugênio Lara, conhecido por sua forte atuação no espiritismo, a partir de sua base na cidade natal de São Vicente, litoral de São Paulo, desenvolveu uma carreira significativa também como jornalista, trazendo sua visão crítica e intelectual para diversas publicações. Ao longo dos anos, seu trabalho foi marcado por uma abordagem reflexiva, onde conseguiu unir sua paixão pelo espiritismo com a objetividade e a ética da prática jornalística. Sua trajetória não apenas reflete um comprometimento com a busca por conhecimento, mas também um desejo de compartilhar esse saber com o público, sempre buscando a verdade, seja nos campos espirituais, sociais ou culturais.

No cenário espírita, Eugênio Lara se destacou por utilizar suas habilidades jornalísticas para disseminar os princípios da doutrina. Colaborou com diversos periódicos e revistas voltados ao público espírita, onde exercia uma análise crítica dos acontecimentos relacionados ao movimento. Seus artigos eram conhecidos por sua profundidade, onde unia informações históricas com uma reflexão contemporânea sobre os rumos do espiritismo no Brasil e no mundo. Ele sempre procurava evidenciar o aspecto filosófico e científico da doutrina, algo que o diferenciava dos que abordavam o espiritismo principalmente pelo viés religioso.

Além de colaborar com publicações especializadas em espiritismo, Eugênio Lara também produziu textos para a imprensa geral, onde discutia temas variados como política, cultura e sociedade, mas sempre trazendo, de maneira sutil ou explícita, uma abordagem humanista e espiritual. Sua escrita era marcada por uma linguagem clara e acessível, o que permitia que suas ideias chegassem a um público mais amplo, não restrito ao círculo espírita. A pluralidade de temas abordados em suas publicações mostra a versatilidade de Lara como jornalista e sua habilidade em transitar entre diferentes esferas do conhecimento.

Um dos diferenciais no trabalho de Eugênio Lara foi sua capacidade de transformar temas complexos em leituras envolventes. Ele se dedicava a assuntos que, muitas vezes, exigiam uma compreensão mais profunda, como a história do espiritismo, a interpretação de textos mediúnicos e as pesquisas científicas ligadas à doutrina, bem como assuntos que envolviam os campos da psicologia e da sociologia. No entanto, sua escrita nunca se mostrava hermética. Pelo contrário, ele tinha o dom de tornar acessível aquilo que, em mãos menos habilidosas, poderia parecer técnico ou distante do público leigo.

Outro ponto marcante em sua carreira foi sua defesa da liberdade de pensamento dentro do espiritismo. Eugênio Lara sempre incentivou um diálogo aberto e crítico sobre as diversas interpretações da doutrina, sem dogmatismos ou imposições. Ele via o jornalismo como uma ferramenta de reflexão e questionamento, tanto sobre as práticas espíritas quanto sobre a sociedade como um todo. Assim, seus textos muitas vezes provocavam debates, mas sempre com o objetivo de promover um avanço no entendimento dos temas discutidos. Suas análises doutrinárias mostravam uma personalidade respeitosa ao trabalho do fundador do espiritismo, embora compreendendo os avanços do conhecimento no pós Kardec.

A contribuição de Eugênio Lara para o jornalismo espírita não pode ser analisada sem levar em consideração seu talento como designer gráfico. Ele compreendia que a forma como uma mensagem é apresentada visualmente impacta diretamente a recepção pelo leitor. Assim, em várias das publicações em que trabalhou, ele uniu suas habilidades, garantindo que não apenas o conteúdo fosse de alta qualidade, mas que a apresentação gráfica facilitasse a leitura e o entendimento.

Um dos marcos em sua atuação foi a participação em revistas espíritas que buscavam inovar no modo de divulgar a doutrina. Em vez de seguir um formato tradicional, muitas dessas publicações apresentavam um layout mais moderno, com elementos gráficos que atraíam a atenção do leitor, mas sem perder a seriedade necessária ao debate espiritual. Eugênio Lara acreditava que o espiritismo, como qualquer outra área do conhecimento, precisava se adaptar às novas tecnologias e aos novos modos de comunicação, e ele usava sua expertise para garantir que essa adaptação ocorresse de maneira eficaz.

A qualidade de sua escrita e seu compromisso com a ética garantiram que suas publicações fossem amplamente respeitadas dentro do meio espírita e fora dele. Eugênio Lara era reconhecido não apenas por suas ideias e por sua defesa do espiritismo como filosofia e ciência, mas também por sua habilidade em dialogar com o público em diferentes níveis. Ele compreendia que o jornalismo é uma ponte entre o conhecimento especializado e o leitor comum, e, por isso, tratava seus leitores com respeito, oferecendo conteúdo bem pesquisado e fundamentado.

Ao criar com seu amigo José Rodrigues o sítio PENSE, Eugênio Lara encontrou um espaço público para exercer com maior acuidade as suas diversas faculdades intelectuais, além, claro, de sua efetiva atuação como design gráfico. Foi ali o jornalista objetivo, voltado à informação do interesse público, especialmente a comunidade espírita, procurando reunir notícias, comentários, crônicas, fatos históricos e tantos quantos conhecimentos lhe constituíam as preocupações diárias. Sua faceta multidiciplinar de pesquisador, historiador, jornalista e escritor estão ali presentes de modo destacado, com o objetivo maior que o título do sítio contempla: a de propor ao ser humano um esforço permanente de exercer sua mais importante ação de pensar sobre os fatos relecionados ao viver e agir no planeta Terra.

Tendo saído do ar nos últimos tempos, o sítio já pode ser novamente acessado por todos aqueles que o acompanharam e pelos interessados em conhecê-lo, pelo link: PENSE – Pensamento Social Espírita

ANÁLISES:

Quatro livros e três artigos escritos por Eugênio Lara

BREVE ENSAIO SOBRE O HUMANISMO ESPÍRITA

de Eugênio Lara, é uma obra que explora o espiritismo sob uma ótica humanista, articulando os princípios fundamentais da doutrina com uma visão centrada no ser humano e suas responsabilidades éticas e morais. Lara propõe uma reflexão sobre a relação entre o espiritismo e o humanismo, destacando como a doutrina pode ser compreendida como um sistema filosófico que busca o aprimoramento moral e intelectual do ser humano. Ele aponta que o espiritismo oferece um caminho para o desenvolvimento integral do indivíduo, ancorado em valores como a fraternidade, a caridade e a justiça.

O autor enfatiza a necessidade de entender o espiritismo como um movimento que transcende os limites do dogmatismo religioso, propondo uma nova ética social e espiritual baseada no reconhecimento da dignidade humana e na responsabilidade coletiva. Para Eugênio Lara, o humanismo espírita surge como uma resposta às crises sociais e existenciais do mundo contemporâneo, oferecendo uma perspectiva que une ciência, filosofia e espiritualidade. Ele defende que o espiritismo, em seu caráter laico e universalista, pode contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, em que os direitos humanos sejam respeitados e em que cada indivíduo tenha a oportunidade de evoluir moral e intelectualmente.

A obra também analisa como os ensinamentos espíritas podem ser aplicados no cotidiano como uma filosofia de vida que promove a empatia, a solidariedade e a compreensão mútua. Eugênio Lara argumenta que o humanismo espírita coloca o ser humano no centro da experiência espiritual, reconhecendo sua capacidade de transformação e crescimento a partir de suas escolhas e ações. Ele reforça a ideia de que o espiritismo, ao valorizar o livre-arbítrio e a responsabilidade pessoal, oferece ferramentas para que cada indivíduo possa contribuir ativamente para o progresso da sociedade.

Por fim, Lara chama atenção para o papel do espiritismo na construção de um novo paradigma ético, que dialogue com as necessidades e desafios do mundo moderno. O autor propõe que, ao adotar uma perspectiva humanista, o espiritismo pode se aproximar de outras correntes de pensamento e colaborar para a promoção de um mundo mais solidário, onde o respeito à diversidade e à liberdade de pensamento são valores fundamentais. Breve Ensaio do Humanismo Espírita oferece, assim, uma contribuição significativa para a reflexão sobre o papel do espiritismo na construção de uma sociedade mais equilibrada, ética e consciente de suas responsabilidades.

OS CELTAS E O ESPIRITISMO

de Eugênio Lara, é uma obra que estabelece uma ponte entre a antiga cultura celta e os princípios da doutrina espírita. Nela, Lara explora como os elementos espirituais presentes nas crenças e tradições celtas podem ser compreendidos à luz do espiritismo, destacando a existência de uma sabedoria ancestral que dialoga com as verdades reveladas pelos espíritos. O autor propõe que, ao estudar os celtas, é possível identificar uma espiritualidade natural, baseada na conexão com a natureza e no respeito às forças invisíveis, que tem afinidade com os princípios espíritas de imortalidade da alma e evolução espiritual.

Um dos pontos centrais da obra é a análise das práticas espirituais dos druidas, os sacerdotes celtas, e sua relação com os conceitos mediúnicos presentes no espiritismo. Eugênio Lara argumenta que os druidas possuíam um conhecimento profundo sobre as leis espirituais, comunicando-se com entidades do além e atuando como intermediários entre o mundo material e o espiritual, de maneira semelhante ao que o espiritismo preconiza em suas práticas mediúnicas. Lara sugere que os druidas podem ser vistos como precursores de médiuns modernos, e que muitas de suas práticas espirituais encontram eco nos ensinamentos de Allan Kardec.

Outro aspecto relevante que o livro aborda é a forte conexão que os celtas mantinham com a natureza e o reconhecimento de uma ordem espiritual subjacente ao mundo natural. Para Eugênio Lara, essa visão de harmonia entre o homem e o ambiente ressoa com o princípio espírita da interdependência entre os reinos da natureza e o progresso espiritual dos seres humanos. Ele destaca que, assim como o espiritismo valoriza o respeito à criação e a responsabilidade ambiental, os celtas também reconheciam o papel essencial da natureza no desenvolvimento espiritual do indivíduo, considerando-a uma manifestação divina.

Por fim, Lara propõe que o estudo dos celtas pode enriquecer a compreensão espírita da evolução da espiritualidade humana ao longo dos séculos. Ele argumenta que as culturas antigas, como a celta, detinham uma sabedoria espiritual que foi progressivamente revelada e aperfeiçoada ao longo do tempo, culminando nos ensinamentos do espiritismo. Assim, Os Celtas e o Espiritismo oferece uma reflexão sobre a continuidade das ideias espirituais através das eras, mostrando como a doutrina espírita não surge de maneira isolada, mas como parte de uma longa tradição de busca pelo entendimento das realidades espirituais. Essa obra convida o leitor a ampliar sua visão sobre as influências que moldaram o espiritismo, ligando-o às tradições espirituais antigas.

AMÉLIE BOUDET, UMA MULHER DE VERDADE

de Eugênio Lara, é uma obra que resgata a vida e a contribuição de Amélie Boudet, esposa de Allan Kardec, ao movimento espírita. Lara apresenta Amélie como uma figura essencial, não apenas como companheira do codificador do espiritismo, mas como uma mulher de caráter forte e de intelecto aguçado, que desempenhou um papel fundamental na continuidade do espiritismo após a morte de Kardec. A obra é uma tentativa de resgatar do esquecimento uma personalidade que, embora tenha permanecido nos bastidores, teve uma importância significativa na história do espiritismo.

Eugênio Lara constrói uma narrativa detalhada sobre a vida de Amélie, desde seu casamento com Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) até o seu papel ativo na preservação e difusão das ideias espíritas. Amélie é retratada como uma mulher culta, envolvida com as artes e a educação, que compartilhou com Kardec a missão de educar e elevar moralmente a humanidade. Lara destaca o apoio incondicional de Amélie ao trabalho de Kardec, não apenas como sua esposa, mas como colaboradora intelectual, o que revela sua relevância tanto na vida pessoal quanto no desenvolvimento da doutrina.

Um dos pontos centrais da obra é o período após a morte de Allan Kardec, quando Amélie Boudet assumiu a responsabilidade pela continuidade da obra espírita. Eugênio Lara destaca como ela se tornou a guardiã dos escritos de Kardec e a defensora da pureza de seus ensinamentos, enfrentando os desafios que surgiram para manter o legado espírita intacto. Essa atuação de Amélie demonstra não apenas sua determinação, mas também sua profunda compreensão dos princípios espíritas, provando que seu papel na história do espiritismo foi muito além do de mera companheira de Kardec.

Amélie Boudet, uma Mulher de Verdade é uma obra que visa restaurar a justiça histórica ao destacar a importância de uma mulher que, em uma época marcada pelo patriarcado, atuou de forma decisiva nos bastidores de um movimento espiritual e filosófico transformador. Eugênio Lara reabilita a imagem de Amélie Boudet como uma protagonista silenciosa, cuja força, inteligência e dedicação foram fundamentais para que o espiritismo se consolidasse e continuasse a se expandir. O livro oferece uma nova perspectiva sobre a história do espiritismo, reconhecendo a influência decisiva de Amélie no desenvolvimento e preservação da doutrina.

HISTÓRIA ILUSTRADA DO ESPIRITISMO NO BRASIL

de Eugênio Lara, oferece uma abordagem visual e didática sobre a evolução do espiritismo no país, destacando momentos-chave, personalidades influentes e o contexto social que moldou o desenvolvimento da doutrina espírita no Brasil. Lara utiliza a ideia de uma “história ilustrada” para tornar o conteúdo mais acessível, enriquecendo o texto com elementos gráficos que ajudam a contextualizar a narrativa e a facilitar a compreensão do leitor.

Uma das principais contribuições do artigo é a capacidade de sintetizar informações históricas de forma clara e objetiva, sem perder a profundidade necessária para entender o papel do espiritismo no cenário cultural e religioso brasileiro. Eugênio Lara traça uma linha do tempo que inclui desde a chegada das ideias de Allan Kardec ao Brasil até a consolidação do espiritismo como movimento relevante no país, passando por marcos importantes como a fundação de instituições espíritas e o surgimento de personalidades como Chico Xavier, que ajudaram a popularizar a doutrina.

O artigo destaca também a importância da adaptação do espiritismo ao contexto social brasileiro. Eugênio Lara explora como a doutrina espírita se moldou às particularidades culturais do país, ganhando um caráter popular, principalmente entre as classes menos favorecidas, e ao mesmo tempo mantendo seu aspecto filosófico e científico. Ele ressalta que o espiritismo no Brasil teve que enfrentar desafios, como o preconceito religioso e as dificuldades políticas, mas conseguiu se expandir e se consolidar como um dos principais movimentos espiritualistas no país.

Em resumo, História Ilustrada do Espiritismo no Brasil é uma contribuição valiosa para aqueles que desejam entender, de maneira visual e concisa, o desenvolvimento histórico da doutrina no país. Eugênio Lara, ao unir o aspecto gráfico com o conteúdo histórico, cria um artigo que é ao mesmo tempo educativo e envolvente, oferecendo ao leitor uma visão ampla e ilustrada da trajetória do espiritismo no Brasil, sem deixar de lado os aspectos críticos e reflexivos que sempre caracterizam seus trabalhos.

Artigos

BOM SENSO E SENSO COMUM

de Eugênio Lara, oferece uma análise reflexiva sobre a importância do discernimento crítico no contexto do espiritismo e na vida em geral, distinguindo o “bom senso” do “senso comum”. Lara explora como essas duas formas de pensar influenciam as atitudes humanas e a compreensão da realidade, especialmente dentro dos debates filosóficos e espirituais. Ele argumenta que, embora o senso comum seja importante como base das interações sociais cotidianas, é o bom senso que realmente conduz à evolução intelectual e espiritual.

Lara define o senso comum como o conjunto de crenças e opiniões geralmente aceitas pela sociedade, baseadas na tradição, na experiência empírica e nas convenções. Embora útil para a convivência em grupo, o senso comum tende a ser superficial e resistente a questionamentos mais profundos. No espiritismo, o senso comum pode ser representado por interpretações simplistas ou dogmáticas da doutrina, que não estimulam o pensamento crítico ou a busca por uma compreensão mais ampla. Lara sugere que a adoção acrítica do senso comum pode levar à estagnação e impedir o progresso espiritual e intelectual.

Por outro lado, o bom senso é descrito por Lara como a capacidade de analisar a realidade de maneira ponderada, equilibrada e racional, sem se deixar levar por opiniões preconcebidas ou pressões sociais. O bom senso exige reflexão e questionamento, sendo uma qualidade essencial para aqueles que buscam o verdadeiro conhecimento, tanto no campo da filosofia quanto na prática espírita. Para Eugênio Lara, o espiritismo, como uma doutrina que valoriza a investigação científica e o aprimoramento moral, deve sempre ser guiado pelo bom senso. É através dele que os espíritas podem evitar o dogmatismo e cultivar uma compreensão mais profunda da espiritualidade.

No geral, Bom Senso e Senso Comum é uma crítica construtiva ao comportamento humano que favorece a aceitação passiva de ideias, em detrimento de uma abordagem crítica e racional. Eugênio Lara chama a atenção para a necessidade de elevar o debate dentro do espiritismo, promovendo a investigação e o diálogo em vez da simples repetição de crenças populares. O artigo serve como um apelo à responsabilidade intelectual e moral, encorajando os leitores a desenvolverem uma mentalidade aberta, crítica e ancorada no bom senso para alcançar uma evolução verdadeira e consciente.

RACISMO E ESPIRITISMO

Eugênio Lara analisa e critica as passagens nas obras de Allan Kardec que, sob uma leitura atual, podem ser interpretadas como racistas. Lara explora como algumas afirmações de Kardec sobre “raças” e “estágios evolutivos” refletem as ideias científicas e sociais do século XIX, período em que teorias de hierarquia racial e poligenismo (ideia de diferentes origens para as “raças” humanas) eram amplamente aceitas. Para Lara, essas concepções influenciaram certas passagens das obras espíritas, em que Kardec usa uma linguagem que, à luz da visão moderna, é considerada hierarquizadora e potencialmente excludente.

Lara ressalta que, apesar dessas limitações contextuais, o espiritismo, em sua essência, defende a igualdade espiritual e a fraternidade entre todos os seres humanos. Ele argumenta que o verdadeiro espírito da doutrina é universalista e inclusivo, promovendo a igualdade e a dignidade de todas as pessoas, independentemente de raça ou origem. Reconhecer e questionar esses elementos nas obras de Kardec, para Lara, é importante para que o espiritismo mantenha coerência com seus princípios de evolução moral e respeito à diversidade.

O autor sugere uma leitura crítica e contextualizada dos textos kardecistas, recomendando que o movimento espírita adote uma postura de abertura e atualização frente às compreensões contemporâneas sobre diversidade e justiça social. Para Lara, essa é uma forma de reforçar o compromisso do espiritismo com o progresso humano e o combate a todas as formas de discriminação.

ENCANTO, DESENCANTO E INQUIETUDE

de Eugênio Lara, apresenta uma reflexão sobre a trajetória emocional e intelectual daqueles que se dedicam à busca espiritual e ao estudo do espiritismo, passando por três fases distintas: o encanto, o desencanto e a inquietude. O texto é uma análise introspectiva sobre os desafios e as transformações internas que os espíritas e os pesquisadores do espiritualismo enfrentam ao longo de suas jornadas de descoberta e compreensão dos mistérios da existência.

Na primeira fase, o “encanto”, Eugênio Lara descreve o entusiasmo inicial que acompanha a descoberta do espiritismo. A revelação de novas verdades, o contato com o mundo espiritual e a possibilidade de respostas para questões existenciais geram um profundo fascínio. O autor explora essa fase como uma experiência de deslumbramento e idealismo, onde a pessoa se sente iluminada e transformada pelo conhecimento adquirido. No entanto, ele também sugere que essa fase é passageira e que o encantamento inicial, por mais poderoso que seja, eventualmente encontra desafios mais complexos.

O “desencanto”, por sua vez, representa a segunda fase, marcada pela frustração e pelos questionamentos que surgem à medida que a pessoa aprofunda seus estudos e enfrenta dificuldades pessoais e coletivas. Eugênio Lara descreve esse período como um momento de confronto com a realidade, onde as imperfeições humanas, as contradições dentro do movimento espírita e a complexidade da vida espiritual trazem desilusões. Para o autor, o desencanto é uma fase necessária para o amadurecimento, pois força o indivíduo a abandonar a idealização e a confrontar a realidade de maneira mais crítica e consciente.

Finalmente, Lara aborda a fase da “inquietude”, que ele caracteriza como um estado de busca contínua. Aqui, a pessoa já não se encontra mais em estado de encantamento ou desilusão, mas em um movimento constante de questionamento e reflexão. A inquietude, segundo o autor, é um sinal de crescimento espiritual e intelectual, um impulso para seguir investigando e aperfeiçoando-se. Nessa fase, o espírita ou o pesquisador espiritual adota uma postura mais madura, consciente de que a verdade não é estática e que o processo de aprendizado é infinito.

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By wgarcia

Professor universitário, jornalista, escritor, mestre em Comunicação e Mercado, especialista em Comunicação Jornalística.

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