A profecia da data-limite atribuída ao famoso médium sepulta o bom-senso que ornava a personalidade de Allan Kardec.

Há muito tempo que amigos querem me envolver nas previsões atribuídas a Chico Xavier sobre uma espécie de fim de mundo estabelecido para daqui a pouco. Perguntam-me constante e veementemente se aceito tais previsões e, com certo afoitismo, que revela o desejo de obter minha aprovação, saem a fazer palestras e seminários para disseminar a dita profecia, quando não reproduzem o texto numa ansiedade irracional. Na verdade, criam uma situação alarmante sob a aparência de um chamamento moral, imaginando que dessa forma ajudam a estabelecer uma consciência de transformação moral urgente como meio de salvar a Pátria do Evangelho e, por consequência, o mundo inteiro. O homem habita a Terra há milhões de anos e os sonhadores de plantão acham que podem dar um salto gigantesco, digno de uma olimpíada universal, em poucos anos. A contar de 1969 seriam 50 anos, mas como já estamos em 2017, não restam mais do que 2 anos. Por isso, grassa a ilusão do temor que amortece o bom-senso, colocando em seu lugar uma impossível chegada ao Olimpo espiritual nos primeiros lugares da corrida.

Temos três personagens centrais nessa trama: Chico Xavier, reproduzido pela mente de Geraldinho Lemos Neto, e Marlene Nobre, mais uma vez ela, a quase patrona da frágil tese da reencarnação de Kardec como Chico. Este nada disse por si de modo público, uma vez que não publicou em entrevistas ou livros quaisquer comentários sobre uma certa previsão para o ano de 2019. Geraldinho é a fonte de tal proeza e Marlene, antes de sua partida do plano terráqueo, aquela que deu à luz a palavra de Geraldinho, tudo isso há cerca de seis anos atrás, ou seja, em 2011. Marlene sempre deu mostras de sua atração pelo mistério, mas depois que abriu as portas da Folha Espírita para difundir a insustentável tese de Chico-Kardec passou a tratar todos os dados sobre Chico como dignos de publicação sensacionalista e “prova” da referida tese. Já Geraldinho saiu fortalecido com a partida de Marlene para o mundo invisível e passou a ocupar o centro das atenções quando se trata da dita profecia de Chico Xavier. Virou um superstar, o portador e o intérprete da mensagem, ocupando assim o mundo das representações imagéticas, rodeado de atores coadjuvantes que escancaram seus dentes para agradar e fazer eco nas plateias ávidas de novidades, aquelas plateias sempre prontas a acolher os espetáculos de destruição e morte. Em seu site, Geraldinho comemora com estardalhaço os 3 milhões de visualizações pelo YouTube do vídeo de mais de uma hora feito com o requinte das grandes produções e hipnotiza as plateias pouco lúcidas. Veja neste endereço: http://www.vinhadeluz.com.br/site/noticia.php?id=2587 .

Quem ler a entrevista de Geraldinho Lemos Neto – note-se, ferrenho defensor da tese Chico-Kardec – com um mínimo de bom-senso descartiniano há de ficar pasmo com as informações ali apresentadas. Ela está neste endereço: https://osegredo.com.br/2015/04/a-profecia-de-chico-xavier-para-2019-para-ler-reler-refletir-e-meditar/ . Ao fazê-la e publicá-la com tal destaque, Marlene mostrou que já não estava mais no domínio da parte mais valiosa do bom-senso que lhe restava. Parece que se agitava dentro dela aquele estranho prazer pelo maravilhoso, principalmente tendo por centro Chico Xavier, o mesmo prazer que se encontra na base daqueles que saem publicando ou falando em palestras nos centros espíritas do Brasil afora sobre a suposta profecia, certamente cumprindo à risca o dito popular que afirma: “quem conta um conto aumenta um ponto”, pois é preciso traçar a previsão com as cores fortes do desastre iminente. A vida sem um pouco de ficção acaba sendo dura demais para todos. E neste tipo de ficção o ingrediente mais eficiente e de efeito duradouro é sem dúvida o suspense. Os espectadores da data-limite aguardam ansiosos pelo ano de 2019. Os do lado de cá do continente americano se assentam na crença de estar a salvo dos tsunamis iminentes, mas não tão tranquilos devem estar os do continente europeu, afinal são para eles as piores previsões. A menos que um grande salto de qualidade moral haja sido dado pela população terrena, a ponto de tornar desnecessários os grandes desastres geológicos que levariam para o fundo do mar imensas quantidades de terras e bilhões de seres, tornando-se assim efetiva uma outra espécie de seleção natural.

Para entender a revelação da data limite é preciso, em primeiro lugar, saber que ela não surge diretamente da boca de Chico Xavier, mas vem pelas palavras de Geraldinho, que as apresenta tempos após a morte do corpo físico do médium mineiro, ou seja, cerca de nove anos depois. Com seu sorriso calibrado e sua voz macia, Geraldinho conta para Marlene uma história comovente em que se faz portador da notícia profética, sem entender porque logo ele, mas sentindo-se comprometido com o fato de que se Chico a contou era porque se tratava de algo sério a ser passado adiante. Se tão importante era, por que o próprio Chico não a tornou pública, há de se perguntar? Enfim, todo o crédito está na palavra de Geraldinho, sendo ele o fiador de tudo o que diz respeito à profecia.

Marlene acreditou em Geraldinho como acreditaria em todo aquele que trouxesse quaisquer signos sonoros originais atribuídos a Chico. Vivia no topo da montanha das crenças embaladas pela revelação de que Chico e Kardec formaram um só corpo. Geraldinho era do seu círculo, comungava com as ideias que ela defendia e trazia o frescor da juventude, da renovação, enquanto que Marlene representava o passado e sabia-se próxima do fim. Com o aval de Marlene a profecia adquiriu força e espalhou-se, logo encontrando eco numa grande quantidade de pessoas que estão sempre à espera dos sinais das lideranças para saírem reproduzindo sem maiores cuidados a fumaça icônica do alto da montanha. São em grande parte seres dependentes dos líderes, incapazes de decidirem por si mesmos, de pensarem sem a cabeça alheia. Mas como diz Herculano Pires, aqueles que dependem de líderes para evoluírem não estão preparados para o progresso. Dura realidade.

Se Geraldinho disse que Chico disse, então Chico disse. Tempos depois veio um médium dizer que Chico não disse, mas já era tarde. Geraldinho que, jovem, encaracolou-se no colo de Chico e recebeu dele meigos afagos, agora anda e fala com o aval do Chico, a dividir com aqueles que se irmanam nas mesmas crenças a primazia do mito, abrindo o fosso que distancia dia a dia o homem do santo, para que apenas este prevaleça. A notícia se espalhou de tal forma que em nenhum lugar se diz que a fonte é o Geraldinho, pelo contrário, todas as manchetes remetem a Chico Xavier, pois para todos foi ele, o médium famoso, que disse. Até mesmo Marlene Nobre, na publicação de 2011, omite na manchete o nome de Geraldinho, pois diz: “Revelações apontam que o futuro da Terra está nas mãos do homem”.  Seguiu-se a essa manchete a seguinte explicação: “Em razão da gra­vi­dade do as­sunto, tra­zemos aos lei­tores da Folha Es­pí­rita a re­ve­lação feita pelo mais im­por­tante mé­dium da his­tória hu­mana, Fran­cisco Cân­dido Xa­vier, a Ge­raldo Lemos Neto, fun­dador da Casa de Chico Xa­vier, de Pedro Le­o­poldo (MG), e da Vinha de Luz Edi­tora, de Belo Ho­ri­zonte (MG), em 1986, sobre o fu­turo que está re­ser­vado ao pla­neta Terra e a todos os seus ha­bi­tantes nos pró­ximos anos”. Ou seja, Marlene não coloca em dúvida em momento algum a palavra de Geraldinho, antes, atribui-lhe o caráter de verdade revelada por Chico, firmando assim a autoria como se feita diretamente pelo médium mineiro. Em vista disso, hoje todos dizem que Chico disse. Há até mesmo um site na Internet com a seguinte chamada: “2019, ano em que Chico Xavier será testado”. Ou seja, todo o crédito agora é dado para o Geraldinho, mas o descrédito, quando vier, será para o Chico. Geraldinho conseguiu o que queria, tornar-se o epicentro da profecia sendo apenas o seu fiador insuspeito. Resta saber se vai ter a coragem de assumir a derrocada “quando o carnaval chegar”, ele, que manteve silêncio sobre uma previsão que entende de imensa gravidade, de 1986 até 2011, ou seja, por 25 anos. Sem contar que a profecia diz respeito a um suposto período de 50 anos que começa em 1969 e termina em 2019, sendo que até 1986, quando lhe teria sido revelada, já se haviam passado outros 17 anos. Restavam, então, apenas 8 anos para que a data-limite chegasse, sem que ninguém, absolutamente ninguém dela tomasse conhecimento e o médium, o suposto autor, já havia partido em direção ao invisível.

Mas o que é mesmo que Geraldinho disse que Chico disse? Narra ele algo como uma reunião entre potestades angélicas (assim mesmo, em estilo hiperfantástico) coordenada por Jesus, em que os grandes espíritos demonstram preocupação com a Terra e seu atraso moral, tendo o mestre resolvido contra a vontade de alguns dirigentes de outros planetas do sistema solar, dar uma espécie de moratória à Terra, estendendo por 50 anos o prazo para que mudanças profundas ocorressem e, ante o descontentamento de alguns, Jesus impôs que os homens teriam por obrigação barrar a deflagração de uma III Guerra Mundial, caso contrário o planeta passaria por terríveis conturbações geológicas, com terremotos, ondas gigantes, erupção de vulcões e toda sorte de fenômenos telúricos, de modo a tornar impossível a vida no Hemisfério Norte. Isso obrigaria a que os habitantes de lá que se salvassem viessem para o Hemisfério Sul, numa espécie de tomada à força do continente sul-americano. Entre as consequências estaria a divisão do Brasil em quatro partes. Se, pelo contrário, o homem conseguisse manter a paz e instalasse a fraternidade, o mundo entraria definitivamente na era da Regeneração, sendo, então, permitido inúmeras conquistas imediatas, tais como a extinção de todas as doenças, a convivência com extraterrestres de forma aberta (que nos trariam inúmeras avanços com suas tecnologias de ponta), a relação mais direta dos terráqueos com os espíritos dos familiares e amigos que partiram e assim por diante. Só falta esclarecer se os animais já estariam também mansos e pacíficos, como ingenuamente sonha certa parcela de seres humanos.

A crer nesta série de revelações espetaculares, trazidas por alguém que não esconde ser há muito tempo um admirador das grandes profecias, especialmente do Apocalipse de João, ter-se-á de abandonar o bom-senso que tão bem ornou a personalidade de Allan Kardec e ficar com informações que conflitam diretamente com a própria história da humanidade. Kardec mesmo, tomado de sinceridade, chegou a escrever que as transformações pelas quais a Terra haveria de passar estavam muito mais relacionadas às mudanças morais do que às transformações geológicas de tipo catastróficas. Qualquer análise que se faça da evolução humana dos últimos 50 anos mostrará que ela se tonou ínfima do ponto de vista dos avanços morais e que o progresso aí jamais ocorrerá através de saltos, mas de experiências contínuas de longo prazo. Assim, caso a III Guerra seja mesmo evitada, nada provará que o avanço moral tenha colocado o ser humano em condições de viver num mundo de fraternidade absoluta pós-2019, de respeito ao outro, de solidariedade capaz de eliminar as diferenças sociais, as injustiças e coisas dessa ordem, fundamentais para um equilíbrio sustentável.

Todos sabem que até 2019 e após 2019 a possibilidade de um terceiro conflito bélico mundial permanecerá rondando as nações dos dois hemisférios e poderá ser deflagrado a qualquer momento. De que maneira então será possível compreender essas promessas feitas por Jesus para depois de 2019, onde teria início um mundo dos sonhos, tendo por atores os mesmos seres egoístas do mundo em curso? Aliás, é importante que se diga que uma III Guerra mundial já se encontra em andamento e apenas não foi como tal reconhecida ainda. A julgar pelos inúmeros conflitos que ocorrem nas diferentes partes do globo, com todo tipo de armas bélicas, não precisaríamos de um conflito mundial aberto porque já estamos nele. Que país estará imune a esses conflitos? Quem e quando porá fim aos embates entre diversos e diferentes povos? Quem será capaz de impedir que os interesses externos continuem a estimular tais conflitos, a fim de obter vantagens sectárias? Quem será capaz de acabar de vez com as inúmeras lutas intestinas das várias nações do chamado primeiro mundo? Quem colocará na sociedade brasileira a consciência para um agir eficaz em favor da paz e da justiça, garantindo os direitos humanos para todos em todos os quadrantes desta pátria que hoje não justifica sequer o dístico de terra da fraternidade, quanto mais de Pátria do Evangelho. Nada disso ocorrerá, ousamos dizer, sequer até 2119, porque se trata de conquistas próprias da experiência humana, são coisas que não podem ser impostas, nem determinadas de cima para baixo, nem obtidas por meio apenas de leis rigorosas, menos ainda com prazos fixos. Todo estabelecimento de datas para que transformações tão profundas ocorram será mero exercício matemático sem quaisquer formas de garantia.

O apocalipse do Geraldinho é uma encenação de mau gosto. Se o Chico sonhou em voz alta e o seu intérprete tomou suas palavras como profecia, acabou por enredá-lo na trama de uma ficção hiperfantástica, onde os personagens assumem papéis próprios da inventividade humana, mas sem conexão com a realidade do mundo. É preciso lembrar que esses enredos são a repetição de representações antigas onde o simbolismo prepondera com mediana clareza, mas sem o caráter determinista que agora se lhe quer atribuir. As velhas profecias eram dadas à interpretação humana, a da data-limite é colocada como verdade definitiva, acabada, tudo em nome de um homem agora ausente e em contraste com a lógica de uma doutrina extraordinária.

By wgarcia

Professor universitário, jornalista, escritor, mestre em Comunicação e Mercado, especialista em Comunicação Jornalística.

15 thoughts on “Chico Xavier e o apocalipse moderno”
  1. Já vivemos um estado de ‘apocalipse’.

    As ‘bestas’ que não querem ‘bem pensar’ estão todas soltas por aí, criando novas visões de mundo para suas ovelhas e impondo seus desequilíbrios de raciocínio…

    Se ao menos fosse realismo-fantástico, teríamos material farto para as artes.

    Mais um excelente artigo, um verdadeiro presente, aos ávidos leitores.

    Parabéns Wilson e gratidão.

  2. Parabéns, Wilson, por sua vigorosa oposição à crendice e ao fanatismo!

  3. Os “donos” de Chico Xavier andam dando mto trabalho…
    E o que impressiona é o total desconhecimento da Doutrina, por parte dos espíritas.

  4. Excelente, Wilson. Já fazia falta uma ação desmistificadora como o seu artigo. Só não poria os links para as matérias. É o que esses mistificadores mais querem, gerar tráfego para suas publicações, e ainda faturar algum com publicidade.

    Congratulações!
    Forte abraço!

  5. Excelente!!
    Como sempre, Wilson, você é preciso e destemido na argumentação de tomada de posição. É triste ver os rumos que toma as pessoas em nome do que você chama “uma doutrina extraordinária”.
    Grande abraço!

  6. Muito bom caro Wilson

    Suas palavras contém algo importante que faz muita falta ao Movimento Espírita: bom senso, clareza de raciocínio.

    Parabéns.

  7. Parabéns Wilson pelo belo texto. Novamente você retorna em estilo para expor mais uma “encenação de mau gosto”. É por conta destas e outras deturpações infames que o Espiritismo vem sendo ridicularizado por décadas, e o que ó pior, pelos seus próprias adeptos.
    Assim agindo, você esta cumprindo à risca com a advertência do nosso querido e saudoso Professor J. Herculano Pires, que em “Curso Dinâmico de Espiritismo – O Grande Desconhecido, XX – Como Combater o Espiritismo”, nos asseverou:
    “Há várias correntes já formadas no meio espírita, contra as quais as pessoas sensatas precisam precaver-se. É claro que essas mistificações de homens fátuos e espíritos inconseqüentes serão varridas pela evolução, mas até que isso aconteça haverá tempo suficiente para que muitas criaturas ingênuas sejam envolvidas em processos obsessivos. Todo espírita consciente de suas responsabilidades humanas e doutrinárias está no dever intransferível de lutar contra essas ondas de poluição espiritual que pesam na atmosfera terrena. Ninguém tem o direito de cruzar os braços em nome de uma falsa tolerância que os levará à cumplicidade”
    Lí o referido artigo à época com um profundo sentimento de repulsa. Posteriormente li também a obra de Marlene Nobre, “Chico Xavier, Meus Pedaços do Espelho”, onde esperava que o assunto fosse ali tratado, já que o tom de advertência profética dado pela publicação dele na Folha Espírita de Maio de 2011, Ano XXXV – Nº 439, foi enorme e pomposo.
    É lamentável, porém aqueles que estudam a Doutrina dos Espíritos em sua origem, com humildade e respeito ao Codificador, lembram-se perfeitamente das inúmeras advertências do Mestre em relação aos assaques que por certo surgiriam no futuro de toda parte, contra a doutrina e seus mais fiéis seguidores.
    E aqui eu faço questão de abrir um parêntesis para enfatizar o quanto é importante que os nossos estudos doutrinários sejam também expandidos na direção do conhecimento mais aprofundado da história do movimento espírita em geral, e particularmente do Brasil. Para que possamos cumprir o “dever intransferível de lutar contra essas ondas de poluição espiritual” de que fala o dedicado “Apóstolo de Kardec”, este estudo se faz necessário para que estejamos aptos a separar o joio do trigo.
    Encenações, desvirtuamentos, deturpações e até fraudes tem ocorrido sim na seara do movimento. E aqui eu menciono apenas duas circunstâncias dignas de consideração.
    Em artigo de autoria do Professor J. Herculano Pires, o qual foi publicado na Revista Educação Espírita nº 7, cujo título é “A Educação Espírita e os 150 Anos da Independência”, onde ele aborda a questão da História Espiritual do Brasil, lemos o seguinte:
    “Nele, segundo graves denúncias feitas pelo General Araripe de Faria e pelos escritores Henrique de Andrade e Julio Abreu Filho, ouve uma adulteração do texto na edição da FEB, com a inclusão de uma referência a Roustaing inteiramente despropositada”.
    E por acaso os espíritas em geral não se lembram do triste episódio de adulteração de uma edição de O Evangelho Segundo o Espiritismo? Para quem ainda desconhece este capítulo indesejável da história do movimento espírita em nossa pátria, eu recomendo a leitura da obra “Na Hora do Testemunho”, de autoria de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.
    O incidente também envolveu de uma forma inusitada o médium Chico Xavier, que humildemente assume sua parcela de responsabilidade. Ao convidar o Professor J. Herculano Pires para que em parceria registrassem as tramas do incidente no livro acima mencionado, ele assim se manifesta:
    “A sua veemência e sinceridade, na defesa da Obra de Allan Kardec, me fez pensar muito no cuidado que todos nós, os espíritas, devemos ter na preservação dos textos referidos, sob pena de criarmos dificuldades insuperáveis para nós mesmos, agora e no futuro. Meditando nisso, sou eu quem me sinto honrado em enviar-lhe estas publicações, no intuito de demonstrarmos em livro-documentário a elevação da sua defesa e o meu respeito no tocante à Codificação kardeciana, que nos cabe endereçar ao futuro tão autêntica quanto nos seja possível.”
    O Professor J. Herculano Pires ao reportar-se à carta-confissão do médium e aos autores da maquinação urdida, nos revela a postura destes no capítulo intitulado “A Trama da Adulteração”, dizendo:
    “Nenhum deles teve a humildade de confessar o seu erro, a sua invigilância, como Chico Xavier o faz nessa carta dolorosa. É natural que Chico pensasse numa reunião de cúpula para estudar o assunto. A posição das cúpulas, entretanto, evidenciou a ignorância das mesmas. Não fosse a reação das bases, a adulteração estaria hoje institucionalizada. E dentro em pouco não saberíamos mais o que Kardec escreveu, porque os escribas ingênuos, iluminados supostamente pelo Alto, prosseguiriam na deformação programada e confessa de toda a Codificação.”
    Podemos perfeitamente imaginar que neste caso não será diferente e o “disse que disse” se transformará em mais um capítulo espúrio a revelar conceitos que denigrem os mais comezinhos princípios da Doutrina dos Espíritos.
    Antonio Leite, NY.

  8. Parabéns! Disse tudo…. nada mais a acrescentar…. Chega de fantasiar o mundo espírita… Muito bem postado em sua colocações.

  9. O espírita brasileiro, geralmente sem o mínimo de rigor racionalista, acredita em qualquer coisa que diga um Espírito ou um médium colocados em suposta situação de superioridade. Sem racionalidade, não há unidade doutrinária.

  10. Quando leio você Wilson renovo minhas esperanças no estudo da doutrinar se tornar importante de fato,Parabéns sempre.Vou postar em minha página no facebook sobre o espiritismo:Espiritismo:Ciência,Filosofia e Religião

  11. Concordo plenamente com as suas palavras. Lembrando que a 2000 anos Jesus ja ensinava que o “Reino dos Ceus, não vem com aparências exteriores”, mas assim como os discipulos daquela época não entenderam os de hoje continuam sem entender.

  12. Prezado Wilson

    Gostei muito do que tu escreveste sobre esse tema. Isto serve de alento a todos aqueles que lutam por uma abordagem do espiritismo dinâmico e contextualizado com os dias atuais, distante da crendice, do fantástico e do maravilhoso.

  13. É lamentável o que vem acontecendo com o movimento espírita brasileiro onde reina a total falta de estudos, informação e bom senso. Preocupante também é que estão levando o espiritismo à moda do Brasil de uma forma absolutamente enfática e recheada de sofismas ao exterior. Atualmente em Lisboa os centros espíritas concorrem com os bancos, abre-se um a casa esquina… Morei por lá alguns anos e à época alguns dirigentes de centros não queriam brasileiros em seu seio acusando-os de tentar levar um espiritismo à moda brasileira… essa moda encontra-se ligada ao misticismo, ao dogmatismo e aos muitos “ismos” sem fundamentação que reina em nossa chamada “pátria do evangelho” e ainda querendo convencer o outro da total veracidade de que somos os salvadores do mundo.

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