Luiz Gonzaga Pinheiro*

Li recentemente um artigo do amigo Wilson Garcia sobre o mercado de livros espíritas no Brasil e me reconheci naquele recado gráfico, naquela velha ferida gangrenada que desisti de por unguentos. Há muito tempo os escritores sabem que a caridade, o ideal de divulgar a doutrina, o questionamento sério, a atualização científica doutrinária e outros temas congêneres, não mais interessa à grande maioria de editores preocupados mais com o crescimento de suas empresas do que com a reforma moral da Humanidade.

Andam a caça de romances açucarados que não forcem a mente do aprendiz, mas que vende muito, sem proporcionar resultados práticos na aprendizagem qual ocorre com estudos ou pesquisas. Romances adocicados, alguns são realmente bons, apenas visam o deleite do aprendiz que se sente gratificado por encontrar provas de que a reencarnação, as leis de causa e efeito e outras particularidades espíritas existem mesmo, pois um Espírito está lhes dando atestado através de uma obra.

Todavia, o fato de ter uma prova, geralmente proporciona mais responsabilidade a quem a recebe. Não entendo porque um romance, simplesmente por ser mediúnico, tenha maior valor do que outro vivido, estudado e acontecido na casa espírita levado a público por um pesquisador. Os pesquisadores, que são raros, diante dessa insensatez que é a invasão na literatura espírita de romances melífluos, mas que nada adicionam à Doutrina, se retraem e continuam seus trabalhos longe desse cenário.

A atualização científica da Doutrina, por exemplo, assunto do interesse de Kardec e de inúmeros desencarnados honestos e progressistas não recebe o interesse dos editores, porque segundo eles, é um assunto antipático, anti-doutrinário e não vende. Será?

Posso garantir que nesses tempos de transição é no que os Espíritos interessados no progresso e na evolução doutrinária mais falam. Não se trabalha mais para o progresso do Espiritismo, mas para agradar parcelas do movimento que se acomodam em literatura inócua, repetida dezenas de vezes sob o nome de autoajuda ou sob a forma de romances que se assemelham como se fosse cópias.

A realidade nua e crua do lado obscuro do astral inferior, alvo de todas as atenções dos Espíritos iluminados, o trabalho dos missionários que têm como objetivo higienizar o planeta, o dia a dia da desobsessão que se alastra pelo mundo, a pesquisa séria levada a efeito por grupos de estudiosos e de pesquisadores, os questionamentos, as nuanças e a evolução da mediunidade não interessam a algumas editoras por estarem amarradas ao que Kardec disse ou não disse, pela fobia ao novo. Argumentam o conceito de pureza doutrinária, mas no fundo negam a lei do progresso, pois a Doutrina é evolutiva; outras editam para um público ávido por novelas quixotescas.

Temas como doutrinação, perispírito, mediunidade, obsessão, corpos espirituais, física quântica, tecnologia dos desencarnados e outros escancaradamente apresentados pelos mentores nas reuniões sérias são deixados de lado para que tópicos secundários que nada acrescentam ao corpo doutrinário sejam divulgados.

É comum escritores espíritas doarem seus direitos autorais para Centros Espíritas e obras sociais. Não seguem este exemplo as editoras. A começar pelos direitos autorais de apenas 10% para quem escreve e 90% para quem edita. Somente este fato já demonstra o dedo capitalista nesta fatia. Seria mais natural que os escritores se unissem, formassem uma cooperativa e subtraído os custos da obra doassem seus lucros para entidades filantrópicas e Centros Espíritas que fazem trabalhos sérios.         Alguns donos de editoras têm um discurso pronto citando os custos, os empregados, os encargos sociais, a canseira com o trabalho, mas esquecem de citar a margem de lucro. Nesse mar de insensatez louvo a Editora EME que sempre se norteou pela excelência na apresentação da obra, no menor custo para o público e na coerência doutrinária. Jamais fui abordado por ela para mudar a essência do que escrevi para satisfazer a quem quer que seja. Um dono de editora não tem o direito de distorcer a mensagem espírita de um autor encarnado ou desencarnado para satisfazer a seu público. Não pode induzir para que alguém escreva um romance desta ou daquela natureza ou estilo só porque vende mais ou é do agrado de determinado público. Os mentores não estão à disposição de médiuns que exijam romances ao seu gosto, principalmente quando o objetivo é a ganância.

Ando um pouco afastado e silencioso ultimamente devido a decepções causadas justamente por este tema. Como um amigo o abordou, imediatamente me solidarizo com ele. Lembremos de que somos testemunhas de um período em que tais procedimentos são analisados profundamente pelos mentores, um período de separação do que é de Deus e do que não é. E para tudo que é de Deus não haverá impedimentos. Igualmente, para tudo que não é de Deus será banido da face do planeta.

* Luiz Gonzaga Pinheiro é natural de Fortaleza-CE, onde exerce a profissão de professor de Ciências e de Matemática, na rede pública do Estado. É engenheiro pela Universidade Federal do Ceará e licenciado em Ciências pela Universidade Federal do Ceará. Tem mais de uma dezena de livros publicados, entre os quais os consagrados Terapia das Obsessões, Pérolas da Infância e Mediunidade – Tire suas Dúvidas, entre outros.

 

Nossas editoras entraram num caminho comum. E agora?

A OPINIÃO DE JOSEVAL CARNEIRO, SALVADOR, BA

(Resposta enviada ao editor e diretor da Editora EME, Capivari, SP)

Obrigado, caro amigo, por homenagear-me com um texto bem elaborado, que será objeto das nossas reflexões.
Todavia permita-me, acho que ingressamos numa Nova Era Psicológica, Joana de Ângelis e Divaldo Franco, à frente.
É que a psique humana vem sendo objeto, cada vez, mais, com os avanços, inclusive, da neuropsicopatologia, de investigações, como se retornássemos à La Salpetrére, com Jean Marie Charcot., Richard Richet, Crooks e tantos outros investigadores da fenomenologia, agora aprofundando a sonda nos escaninhos da alma e da conduta psicológica humana. Por isso venho me dedicando à autoajuda. Com a ajuda inestimável do nosso prestimoso editor, Arnaldo Camargo.
No dia 17,. na Mansão do Caminho, Divaldo e um grupo de psicólogos, estará mais uma vez adentrando o imenso terreno da psicologia, com um Seminário, entrada franca, mediante alimentos não perecíveis. A Série Psicológica avança. E eu costumo acreditar em tudo que Divaldo faz. A era romanceada, adocicada, vem cedendo lugar ao estudo da psique, na busca de respostas para os ingentes problemas do homem de hoje, como a ansiedade, o estresse e a depressão, que avultarão, segundo a OMS, como primeira causa mortis no mundo, até o ano 2025.
E a rearrumação etnicogeográfica, dos povos do oriente, certamente acrescentarão um novo tempero à Nova Era de Regeneração Planetária.

By wgarcia

Professor universitário, jornalista, escritor, mestre em Comunicação e Mercado, especialista em Comunicação Jornalística.

One thought on “Sobre editoras, romances, capitalismo e afins”
  1. Luiz Gonzaga Pinheiro por acaso está dizendo que pelo novo não é para os espíritas darem a devida importância ao que disse ou deixou de dizer Kardec,ou eu sou burra mesmo?É pra considerar então os ditos de quem??…EIS O TRECHO: ” Espíritos iluminados, o trabalho dos missionários que têm como objetivo higienizar o planeta, o dia a dia da desobsessão que se alastra pelo mundo, a pesquisa séria levada a efeito por grupos de estudiosos e de pesquisadores, os questionamentos, as nuanças e a evolução da mediunidade não interessam a algumas editoras por estarem amarradas ao que Kardec disse ou não disse, pela fobia ao novo. ” É “pra se amarrar” a quem…À Irmã Joanna de Ângelis???? Eunumtôentendendendo!!!!!!!!

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