RESUMO: A procura do médium perfeito tem sido a saga de alguns livres-pensadores contemporâneos. Não têm eles a ilusão de o encontrar, o que é curioso, por que sabem que sua existência já foi descartada por Allan Kardec desde O livro dos médiuns. O que desejam, então? Esta é a pergunta a ser respondida. E outra: o que seria, afinal, o médium perfeito? Aquele que, sendo puramente mecânico, a despeito da impossibilidade, fosse o intermediário isento de qualquer mensagem mediúnica, garantindo, assim, a plenitude da autoria do espírito comunicante. A mensagem limpa de um autor pleno, identificável (se possível). Ora, então, teríamos que fazer nascer um novo ser, do encontro de um novo gameta com um novo óvulo criados ambos alhures, sem a origem humana-animal, para que não se veja envolvido em DNAs humanos (a rigor, uma incoerência na ciência atual). O médium de Kardec, pois, não serve e deve ser descartado, uma vez que este tem consigo, de forma inalienável, as heranças genéticas como a memória formada em seu cérebro físico, além da outra memória, indicada por Kardec: a memória do espírito do médium, que contempla as múltiplas experiências em sua via evolutiva. Ambas, ontologicamente se sabe, atuam no ato mediúnico, de maneira rica, poderosa, seja para facilitar o processo mediúnico, seja para servir ao espírito comunicante na transmissão da mensagem ou das ideias que deseja apresentar.

A busca pelo “médium perfeito” tem se revelado uma questão paradoxal e fascinante para alguns livres-pensadores contemporâneos. Curiosamente, esses estudiosos já têm consciência de que tal figura foi descartada por Allan Kardec desde os primórdios do Espiritismo, particularmente em O livro dos médiuns. A insistência em tal busca, no entanto, sugere que há algo mais profundo em jogo: uma inquietação filosófica, uma aspiração pela pureza da comunicação espiritual, isenta de quaisquer influências humanas, bem assim um método infalível, que, inclusive, supere Kardec.
Allan Kardec estabeleceu critérios mediúnicos rigorosos para compreender a mediunidade e seus mecanismos. Segundo ele, a mediunidade é uma faculdade natural, presente em diferentes graus nos indivíduos, e sujeita às influências do meio e das predisposições morais e intelectuais do médium. A primeira classificação importante é a divisão entre os médiuns inconscientes, semiconscientes e conscientes, que varia conforme o grau de influência pessoal na transmissão da mensagem.
Kardec também distingue os médiuns em categorias específicas, como os médiuns de efeitos físicos, que provocam manifestações materiais como raps e movimentação de objetos, e os médiuns de efeitos intelectuais, que são instrumentos para comunicações verbais e escritas. Dentro desta última categoria, destacam-se os médiuns escreventes, falantes e audientes.
Outro critério essencial segundo Kardec é a capacidade moral do médium. Ele enfatiza que a elevação moral influencia diretamente a qualidade das comunicações recebidas. Espíritos superiores preferem médiuns que demonstram humildade, desinteresse e desejo sincero de servir ao próximo, enquanto espíritos inferiores são atraídos por médiuns vaidosos e interessados em ganhos materiais.
O mecanismo da mediunidade, segundo Kardec, se baseia na capacidade de o perispírito do médium servir de intermediário entre o espírito comunicante e o corpo físico. O perispírito é uma estrutura semimaterial que permite a transmissão de pensamentos e influências fluídicas, funcionando como uma ponte entre o mundo espiritual e o mundo material.
Outro fator essencial é a sintonia fluídica, ou seja, a afinidade vibratória entre o médium e o espírito comunicante. Quanto maior essa sintonia, mais clara e precisa será a transmissão. Essa sintonia, contudo, pode ser afetada por diversos fatores, como as condições emocionais do médium, suas crenças e sua experiência de vida.
Kardec enfatiza que a mediunidade não se manifesta de forma idêntica em todos os indivíduos, pois cada pessoa possui suas peculiaridades energéticas e psicológicas. A educação mediúnica, nesse sentido, se torna essencial para que o médium aprenda a disciplinar sua faculdade e a identificar a origem e a qualidade das comunicações recebidas.
Outro ponto relevante levantado por Kardec é a necessidade de uma abordagem crítica e racional da mediunidade. Ele recomenda que todas as mensagens mediúnicas sejam analisadas com discernimento, comparadas com princípios doutrinários e submetidas à razão e ao bom senso, evitando-se assim mistificações e influências obsessivas.
No que diz respeito à obsessão, Kardec alerta que um dos maiores riscos da mediunidade é a influência de espíritos inferiores que buscam explorar as fraquezas do médium. A obsessão pode variar, desde uma influência passageira até um controle completo, exigindo, assim, vigilância constante e reforma íntima.
A influência do ambiente também é um fator importante. Ambientes harmoniosos, impregnados de sentimentos elevados, facilitam a presença de espíritos superiores, enquanto locais carregados de vibrações negativas podem atrair entidades perturbadoras.
O papel do dirigente espiritual nos trabalhos mediúnicos é outro ponto crucial abordado por Kardec. A presença de um dirigente experiente, que oriente e fiscalize o grupo, ajuda a manter a disciplina, a coerência doutrinária e a segurança nas reuniões.
Em relação à responsabilidade mediúnica, Kardec destaca que a mediunidade não deve ser usada para fins egoísticos ou levianos. Ela é uma missão séria e deve ser exercida com humildade e comprometimento com o bem.
A busca pela perfeição mediúnica, portanto, deve se dar pelo aprimoramento moral e intelectual, e não pela ilusão de neutralidade absoluta. O médium deve ser consciente de suas limitações e trabalhar constantemente para oferecer condições favoráveis para boas comunicações.
Assim, conclui-se que a mediunidade é uma ferramenta poderosa de intercâmbio entre os mundos visível e invisível, mas que requer estudo, disciplina e dedicação constante.
A questão da memória do médium, abordada por Kardec, é crucial no processo mediúnico. Segundo ele, a memória física do médium, acumulada ao longo de sua vida terrena, contém registros de experiências, conhecimentos e impressões que inevitavelmente influenciam a comunicação mediúnica.
Além da memória física, Kardec explica a presença da memória espiritual, ou seja, o acervo de vivências anteriores do espírito do médium, que também exerce influência sobre o conteúdo transmitido. Essa memória espiritual reflete as experiências acumuladas em existências anteriores, formando uma base de conhecimentos e sentimentos que podem se manifestar durante a prática mediúnica.
A interação entre as duas memórias — a física e a espiritual — cria um ambiente de comunicação rico e complexo. O médium, ao captar as mensagens espirituais, as interpreta de acordo com suas referências intelectuais e morais, tornando a comunicação um processo de decodificação que pode sofrer nuances e adaptações.
Kardec enfatiza que a memória espiritual pode facilitar o processo mediúnico, permitindo ao médium compreender melhor certos temas ou transmitir ideias de maneira mais fluida. Por outro lado, a memória física pode atuar como um filtro, adaptando ou moldando a mensagem de acordo com suas crenças e experiências terrenas.
A influência da memória física e espiritual pode ser percebida na linguagem, nos exemplos utilizados pelo médium e até mesmo na forma como ele interpreta as ideias transmitidas pelos espíritos. Isso reforça a necessidade de um estudo constante e de uma postura vigilante para evitar distorções inconscientes.
Assim, Kardec orienta que o médium deve estar ciente da influência dessas memórias e buscar o desenvolvimento de sua capacidade de neutralidade relativa, para minimizar interferências e proporcionar uma comunicação mais fiel e autêntica.
Dessa forma, compreende-se que a mediunidade é um fenômeno que envolve não apenas a interação com o mundo espiritual, mas também uma profunda relação com a história pessoal e espiritual do médium, exigindo esforço contínuo para aprimorar a qualidade das comunicações recebidas.

Kardec permanece, com ou apesar do médium imperfeito

A impossibilidade do médium perfeito, conforme abordada por Allan Kardec em sua extensa obra espírita, não inviabiliza o produto mediúnico das experiências, observações e considerações que fundamentam o Espiritismo. Pelo contrário, Kardec reconheceu desde o início que a mediunidade é uma faculdade humana sujeita a influências variadas, incluindo fatores psicológicos, culturais e morais. A imperfeição dos médiuns, portanto, é uma característica inerente ao fenômeno mediúnico, e não um obstáculo insuperável para a obtenção de resultados consistentes e úteis à doutrina.
Kardec, em O livro dos médiuns, destaca que nenhum médium está isento de erros e que os espíritos comunicantes também possuem diferentes graus de evolução e conhecimento. Assim, a confiabilidade das mensagens mediúnicas não depende de uma suposta perfeição do médium, mas sim de uma análise criteriosa e da aplicação do chamado “controle universal do ensino dos espíritos”. Este método, proposto por Kardec, consiste na comparação das comunicações recebidas por diversos médiuns, em diferentes localidades, verificando sua coerência e convergência.
Além disso, Kardec argumentava que a presença de imperfeições morais ou intelectuais nos médiuns não impede que eles sirvam como instrumentos úteis na transmissão de informações espirituais. O espírito comunicante, segundo a codificação espírita, adapta sua mensagem às capacidades e limitações do médium, utilizando os recursos mentais e linguísticos disponíveis. Dessa forma, a autenticidade da comunicação pode ser discernida pelo conteúdo moral e pela lógica dos ensinamentos transmitidos.
Outro ponto fundamental é que o Espiritismo não se apoia exclusivamente na mediunidade para validar seus princípios. Kardec considerava o aspecto filosófico e moral da doutrina como o mais relevante, enfatizando que as comunicações dos espíritos devem ser analisadas à luz da razão e do bom senso. O objetivo do Espiritismo não é a mera obtenção de fenômenos, mas sim a construção de uma visão mais ampla da vida e da espiritualidade baseada em princípios universais.
A prática mediúnica, embora sujeita a falhas, pode ser depurada através do estudo contínuo e da reforma íntima do médium. Kardec incentivava os médiuns a se aprimorarem moralmente para melhor sintonizarem com espíritos elevados. No entanto, ele também alertava contra a mistificação e os perigos da vaidade, fatores que podem comprometer a qualidade das comunicações. Esse cuidado metodológico reforça que o produto mediúnico, mesmo com suas limitações, pode ser confiável quando tratado com seriedade e discernimento.
Kardec também ressaltava a importância do papel do espírito encarnado que interpreta as mensagens recebidas. O médium, longe de ser um mero “receptor passivo”, é um agente ativo no processo, influenciando a comunicação de acordo com suas crenças, valores e conhecimentos adquiridos. Isso reforça a necessidade de um estudo aprofundado e de uma postura crítica na análise das informações mediúnicas.
A doutrina espírita, por sua vez, não é dogmática e permite a constante revisão e atualização de seus princípios à luz de novas comunicações e descobertas. A impossibilidade do médium perfeito não significa a ausência de verdades espirituais, mas sim a necessidade de um processo contínuo de depuração e aprimoramento das comunicações, alinhado à evolução moral da humanidade.
Outro aspecto relevante é que, mesmo com a imperfeição dos médiuns, a mediunidade tem desempenhado um papel crucial na difusão e comprovação dos princípios espíritas. Os fenômenos mediúnicos, analisados de forma sistemática e rigorosa, têm contribuído para despertar o interesse científico e filosófico sobre a existência da vida após a morte e a comunicação entre os planos espiritual e material.
A história do Espiritismo mostra que as comunicações mediúnicas, mesmo provenientes de médiuns imperfeitos, trouxeram ensinamentos valiosos sobre a vida espiritual, a reencarnação e a lei de causa e efeito. Essas informações, quando analisadas de forma racional, contribuem para uma compreensão mais ampla da realidade, sem que a falta de perfeição dos médiuns invalide o conhecimento adquirido.
Portanto, a impossibilidade do médium perfeito não inviabiliza o produto mediúnico, desde que sejam aplicados critérios rigorosos de análise, estudo e comparação. A metodologia espírita, baseada na razão e na universalidade das comunicações, permite filtrar erros e mistificações, oferecendo um corpo de conhecimento sólido e em constante evolução.

O médium perfeito é o humano negado

A ideia de um médium perfeito, caso fosse possível, representaria uma negação da condição humana e da própria natureza da mediunidade como ponte entre diferentes planos de existência. A mediunidade, em sua essência, é um fenômeno interexistencial, ou seja, um processo de intercâmbio entre o mundo espiritual e o mundo material, que se dá através de seres humanos dotados de suas próprias limitações físicas, emocionais e intelectuais. A busca por uma perfeição mediúnica absoluta implicaria na ausência dessas limitações, o que tornaria o médium algo distinto da realidade humana e, portanto, inviável dentro da concepção espírita.
A condição humana é marcada pela imperfeição, pelo aprendizado constante e pela evolução gradual. A mediunidade, como uma faculdade inerente ao espírito encarnado, reflete esse processo de aperfeiçoamento e crescimento moral. Um médium perfeito, imune a influências externas, emoções e preconceitos, estaria desconectado da própria experiência humana, o que contradiz o propósito da mediunidade como ferramenta de desenvolvimento e aprimoramento espiritual.
Além disso, a mediunidade é influenciada pelo meio em que o médium vive, suas crenças, seu nível cultural e suas predisposições psicológicas. Isso significa que as comunicações mediúnicas inevitavelmente passam por um filtro humano, onde as ideias e informações espirituais são interpretadas e transmitidas segundo as capacidades e limitações individuais. Se o médium fosse perfeito, esse filtro seria eliminado, tornando a comunicação uma mera transmissão mecânica e anulando o papel ativo do médium como intérprete e colaborador no processo.
Outro ponto a considerar é que a diversidade mediúnica, com suas imperfeições e variações, permite uma maior amplitude na compreensão do mundo espiritual. Diferentes médiuns captam diferentes aspectos da realidade espiritual, trazendo perspectivas complementares que enriquecem o conhecimento espírita. A existência de um médium perfeito tornaria desnecessária essa diversidade, limitando a compreensão a uma única fonte de informação, o que estaria em desacordo com o caráter progressivo e pluralista do Espiritismo.
A mediunidade, como ensinada por Allan Kardec, é um processo dinâmico que envolve a interação entre espíritos de diferentes níveis evolutivos e médiuns em constante aprendizado. Se houvesse um médium perfeito, a comunicação espiritual seria unidirecional e definitiva, contrariando a própria natureza experimental do Espiritismo, que valoriza a observação, a análise crítica e a evolução do conhecimento através da experiência prática.
A condição interexistencial da mediunidade implica que tanto médiuns quanto espíritos estão sujeitos a imperfeições e aprendizados. Os espíritos comunicantes também carregam suas próprias limitações, crenças e níveis de esclarecimento. Dessa forma, a comunicação mediúnica é um processo de colaboração e troca, onde ambos os lados contribuem para o crescimento mútuo. Um médium perfeito romperia esse equilíbrio, pois sua perfeição anularia o aspecto de aprendizado inerente ao intercâmbio espiritual.
Outro aspecto importante é que a mediunidade, ao refletir a diversidade humana, permite que cada indivíduo participe ativamente do progresso espiritual, dentro de suas possibilidades. A existência de um médium perfeito geraria uma dependência absoluta de suas comunicações, retirando a autonomia de estudo, reflexão e experimentação que são fundamentais ao desenvolvimento espiritual individual.
Kardec sempre enfatizou que a mediunidade deve ser exercida com humildade e bom senso, reconhecendo que erros e enganos fazem parte do processo. A busca por um médium perfeito seria incompatível com essa perspectiva, pois implicaria a crença em uma infalibilidade que não condiz com a realidade humana. A doutrina espírita, ao contrário, preconiza o uso racional da mediunidade, onde a imperfeição é aceita como parte natural do progresso.
A inexistência de médiuns perfeitos também garante que o Espiritismo permaneça aberto ao questionamento e à evolução, evitando dogmatismos e verdades absolutas. Se um médium perfeito existisse, suas comunicações poderiam ser interpretadas como uma verdade incontestável, contrariando o princípio kardecista da universalidade do ensino dos espíritos, que propõe a construção coletiva do conhecimento espiritual.
Portanto, a ideia de um médium perfeito não só nega a realidade interexistencial da mediunidade, como também contradiz os princípios fundamentais do Espiritismo, que valorizam a experiência humana, a diversidade de interpretações e o progresso contínuo da humanidade e do espírito. A mediunidade é, antes de tudo, um convite ao aprimoramento moral e intelectual, onde a imperfeição é vista como oportunidade de crescimento e aprendizado.

Pedro, pedra, mediunidade e médium

A afirmação de Jesus a Pedro – “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mateus 16:18) – pode ser interpretada sob diversas perspectivas, e um interessante paralelo pode ser traçado com a condição do ser humano enquanto médium no contexto espírita. Assim como Pedro, com todas as suas imperfeições humanas, foi escolhido para ser a base da propagação da mensagem cristã, os médiuns, com suas limitações naturais, são instrumentos essenciais na construção do conhecimento espiritual e na difusão da verdade divina.
Pedro, na narrativa evangélica, é apresentado como uma figura humana, dotada de fé, mas também de fraquezas e dúvidas. Sua jornada ilustra o processo de aprendizado e transformação moral, características igualmente encontradas na prática mediúnica. Os médiuns, como Pedro, são chamados a exercer um papel de ponte entre o plano espiritual e o material, apesar de suas imperfeições, e é justamente através dessas imperfeições que se manifestam as oportunidades de crescimento e amadurecimento espiritual.
A “pedra” mencionada por Jesus simboliza a base firme sobre a qual sua mensagem seria consolidada. No Espiritismo, a mediunidade desempenha uma função análoga, sendo uma das principais ferramentas para edificar a doutrina espírita sobre fundamentos sólidos de conhecimento e experiência. Assim como Pedro não era perfeito, mas tinha fé e determinação, os médiuns não precisam ser isentos de falhas, mas sim comprometidos com a verdade, a ética e o aprimoramento contínuo.
Outro ponto relevante nesse paralelo é a confiança depositada por Jesus em Pedro, mesmo sabendo de suas limitações humanas, como sua impulsividade e insegurança. Isso sugere que a obra espiritual não exige perfeição, mas disposição sincera em servir e evoluir. Do mesmo modo, os espíritos comunicantes utilizam os médiuns conforme suas capacidades, respeitando suas dificuldades e potencialidades, demonstrando que a mediunidade é uma construção progressiva, assim como a igreja fundada sobre Pedro.
Pedro, como um elo entre Jesus e os primeiros seguidores, teve a responsabilidade de transmitir os ensinamentos do Mestre, adaptando-os às necessidades da época e dos ouvintes. De maneira semelhante, o médium atua como intermediário entre os espíritos e os encarnados, interpretando as mensagens espirituais dentro de suas limitações culturais e pessoais. A essência da comunicação espiritual, assim como a mensagem, precisa ser compreendida dentro do contexto humano, evoluindo conforme o entendimento e as possibilidades do momento.
Além disso, o simbolismo da pedra remete à resistência e à continuidade. A mediunidade, quando bem orientada, é uma força que resiste às adversidades e mantém viva a conexão entre os dois planos da existência. 
A condição humana de Pedro, marcada por erros e acertos, também reflete a necessidade de humildade na prática mediúnica. O médium, assim como Pedro, deve reconhecer suas limitações e confiar na assistência dos espíritos superiores para cumprir sua missão com dignidade e responsabilidade. A humildade é a base que permite a edificação de uma mediunidade saudável, capaz de transmitir ensinamentos com fidelidade e respeito à verdade.
Outro aspecto do paralelo é a noção de responsabilidade que acompanha tanto a liderança de Pedro quanto a prática mediúnica. Ambos são chamados a agir com prudência e discernimento, conscientes de que suas ações e palavras podem influenciar muitas vidas. A mediunidade não deve ser exercida levianamente, assim como a missão de Pedro exigia seriedade e comprometimento com os ideais cristãos.
Por fim, tanto Pedro quanto os médiuns são exemplos de que a obra se realiza por meio de instrumentos humanos imperfeitos, mas dedicados. Jesus não escolheu anjos para propagar sua mensagem, assim como os espíritos superiores não se manifestam diretamente, mas através de pessoas comuns, que, com esforço e disciplina, podem servir como instrumentos valiosos para a propagação do conhecimento e do amor.

By wgarcia

Professor universitário, jornalista, escritor, mestre em Comunicação e Mercado, especialista em Comunicação Jornalística.

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