A dinâmica interna do Espiritismo tende a incorporar naturalmente os avanços do conhecimento, dentro de um movimento que, de ordinário, não espera por decisões de ordem moral para se realizar. Isso pode parecer a alguns um contra-senso na medida que a realidade da doutrina contrapõe indivíduos e estabelece conflitos para aquilo que pode, deve ou é aceito como coerente frente aos postulados balizadores do saber espírita, ou seja, os seus princípios básicos. Mas a idéia de aporte natural dos novos conhecimentos possui sua lógica, independentemente e para além dos conflitos, e funciona em paralelo a esses conflitos. Ou seja, em meio às disputas pela adoção dos novos saberes se desenvolve um movimento que produz aportes enriquecedores e proporciona a que a doutrina continue fazendo sentido. O lugar aonde esse movimento se processa é a práxis do cotidiano, em que os indivíduos não só se inter-relacionam como de fato estão em contato com informações de todo tipo e ordem. Os aportes se dão de forma natural e espontânea na mesma medida e ordem em que são, também, combatidos pelo pensamento ortodoxo, ou seja, a ortodoxia que combate o novo também valida a sua discussão.
Ao aceitar esse tipo de raciocínio se poderia concluir que os embates entre o novo e o velho estariam localizados no terreno da irracionalidade, pois o novo não depende contemporaneamente do juízo da ortodoxia. Em parte, isso é certo. Inundados pela informação cotidiana, os indivíduos em sua diversidade tendem a conviver com o conflito gerado pelas próprias informações, dentro de um espectro de convivência em escala da aceitação pura até a o combate total, numa graduação quase infinita. Assim, quando o novo recebe a aprovação daqueles que estão no trecho da escala compreendido entre o seu início e mais ou menos o seu meio, a reprovação dos demais tem pouca ou nenhuma força contra o aporte. Este se dá por uma questão de esgotamento de forças contrárias ou sua pouca capacidade de impedir que informações vistas como importantes sejam adotadas como verdades. Por outro lado, é preciso convir que com a racionalidade científica trabalhando em regime de permanente fragmentação e de submissão parcial à sociedade do espetáculo, a informação nova estará sempre plena de contradições e conflitos, sendo, portanto, natural que se estabeleça uma divisão e oponha apoiadores e combatedores. O que fica claro é que, independentemente do embate que se estabelece e da existência da parcela que lhe nega veracidade (completa ou parcialmente) a simples existência de uma outra parcela que lhe confere lógica é suficiente para que o aporte ocorra, mesmo que entre estes existam aqueles cuja aceitação do novo não passa por outro critério de verdade que não seja a da aparência de verdade contida no novo. Explica-se assim, em parte, a dinâmica interna do Espiritismo enquanto movimento permanentemente relacionado com a produção do conhecimento.
Dito desta forma fica esclarecido porque consideramos que o aporte da alteridade, que se concretiza diariamente, já foi realizado pela parcela dos espíritas que lhe confere valor e importância, restando-lhe apenas (talvez seja esta a parte mais difícil) a tarefa do convencimento da parcela (a maior?) que não a tem na mesma medida, seja por total desconhecimento da filosofia alteritária seja por não ver sentido nesse aporte, uma vez que está convencida de que o necessário em termos éticos já se encontra presente na doutrina.
Em vista do exposto, vamos trabalhar tanto com o raciocínio do aporte concretizado quanto com a necessidade de conceituação da alteridade para fins de justificação, para então concluir com a ética alteritária, suas relações com o Espiritismo e o seu impacto na mídia de massa.
Conexões entre alteridade e ética espírita
O uso da noção de alteridade como balizadora da comunicação que se realiza pelos meios técnicos (mídia) comporta uma ampla gama de elementos de grande valor. É bem verdade que estes elementos não dizem respeito apenas ou somente à comunicação de massa, mas a todo e qualquer tipo de interação humana. Mas o trato da alteridade com vistas ao seu emprego na práxis midiática torna estes elementos fundamentais, seja por conta das reflexões que propiciam seja pelo posicionamento diferenciado em que se colocam. Por outro lado, em trabalho da natureza deste, em que se pretende abordar o valor universal da alteridade e as suas possibilidades de conexão com o saber espírita e, portanto, também com a práxis cotidiana da mídia especializada em espiritismo, será preciso buscar os pontos de contato que as duas doutrinas oferecem.
Vejamos, portanto, de forma descritiva, alguns elementos fundamentais da noção de alteridade e as reflexões que propiciam.
Em primeiro lugar será preciso fazer referência àquele que está acima de qualquer elemento: o outro. E aqui aparecem dois aspectos igualmente importantes: o outro é tanto a individualidade humana quanto a coletividade que resulta da junção de muitos outros. Como é também indispensável perceber que o outro é sentido e objetivo da mídia, independente de ser ela massiva ou seletiva. Ao tocar na questão do outro temos por interesse chamar a atenção para a idéia de que o outro é mais importante do que o eu em questões de alteridade, pois é pelo outro que o eu se realiza. Neste aspecto, desde já está claro que o outro alteritário quase nunca faz sentido quando se trata de analisar o olhar da mídia, naturalmente focado antes no eu (o eu do lucro ou da dominação) do que em qualquer outra coisa. Em geral, o olhar midiático é um olhar inverso ao olhar alteritário. Tudo o que a alteridade valoriza a mídia contraria e, por conseqüência, nega.
Senão, vejamos.
A noção alteritária estabelece que o outro é uma presença de alteridade, ou seja, é diferença, estranheza, novidade, contrariedade, infinitude, ignorância. De fato, estar na presença não só do que é diferente, mas da própria diferença implica constatar a diferença para compreendê-la a partir de um estranhamento que indaga, analisa, respeita e valoriza, ou seja, não olha o outro a partir de critérios de valor pré-existentes, mas de uma postura aberta e indagadora, à procura de descobrir valores, potenciais, desejos, sonhos e utopias elegidas pelo outro. Daí a certeza de que nesta interação alteritária e dialógica, o outro não só reafirma sua diferença como se demonstra capaz de surpreender e valorizar a individualidade que com ele interage. Com isto, o outro será sempre a possibilidade da relação solidária, do afeto em movimento, do saber que se alterna e flui nas duas direções: do eu para o outro e do outro para o eu. Sendo sempre um fluxo contínuo, a interação com o outro alteritário se mantém permanentemente distante da impaciência e da intolerância, bem como de qualquer tipo de violência e dominação.
Como se depreende de Lèvinas, o olhar alteritário supera o espelhamento, a expectativa de ver no outro o reflexo do próprio eu, para estabelecer um reconhecimento de sua importância e valor. A perspectiva que se apresenta é de um diálogo em que os atores se colocam em posição de igualdade onde o outro se torna mais importante que o eu, pois é o outro que possui a capacidade de fazer crescer o eu. No espelhamento está presente o ingrediente básico da dominação, enquanto que a relação alteritária não se submete a qualquer tipo de dominação, nem a interesses que normalmente motivam o eu e o colocam em posição de superioridade frente ao outro. Esta relação, portanto, se coloca em clima de des-inter-esse, ou seja, de desejos e intenções que permeiam e impedem a solução dos conflitos naturais às relações humanas.
A alteridade não pressupõe a inexistência de conflitos, mas a criação de condições para superação permanente deles, uma vez que a paz é sua condicionante e objetivo. Por isso, a alteridade também não pressupõe a passividade e a complacência, mas a relação que enriquece a partir da postura conscientemente assumida segundo a qual o outro é que produz a paz da qual o eu se beneficia. Os papéis se invertem. Tradicionalmente, a idéia de construção do bem é dada ao eu. Aqui é o eu que busca compreender o outro para que a paz possa ser possível. Ou seja, sem a compreensão do valor do outro não há possibilidade de qualquer clima real de construção da paz.
Já a partir dessas reflexões tem-se por oportuno tentar responder a uma indagação de ordem: em que medida a proposição da alteridade interessa ao Espiritismo enquanto valor a ser agregado à ética inerente à sua doutrina? Afora qualquer sentimento de que o Espiritismo se basta a si mesmo em questões de ética (a qual permeia o pensamento geral predominante), a ética alteritária pode ser analisada em seu ponto de contato com a noção do próximo contida na ética cristã da qual a doutrina espírita se coloca como herdeira. E esse ponto de contato permite verificar que o outro da alteridade é o próximo do Espiritismo na medida que a ética espírita estabelece que o receptor da compreensão e dos desejos do eu é o próximo. Mesmo quando a idéia de próximo traz incorporado o clímax da solidariedade e, portanto, do amor, a sua reflexão através dos pressupostos alteritários permite um acréscimo extraordinário ao alargar a visão da construção de um estado de paz e crescimento que interessa diretamente ao ser humano. Mesmo que o aporte da alteridade não signifique modificar a essência do amor presente na mensagem da ética espírita, nem sua capacidade indiscutível de contribuir para a construção de uma sociedade justa e humana, os valores alteritários se apresentam como importantes fragmentos de uma ética que caminha na mesma direção e com iguais objetivos. O acréscimo vem por conta da capacidade da filosofia alteritária de estabelecer um olhar pela racionalidade que vai ao cerne das questões fundamentais, conseguindo reunir fragmentos importantes para a constatação de que o caminho da paz e do bem não pode desconsiderá-los.
A preocupação com a diferença presente na ética da alteridade é em si mesma uma razão forte para que o estudo da ética cristã, sob o olhar espírita, realize o seu aproveitamento e supere a própria presença da diferença, que por certo está no Espiritismo de modo difuso e não centrado. Sendo da filosofia alteritária que o outro é relação de distinção, diferença e contraste e que é preciso estabelecer esta consideração para que o diálogo se faça produtivo, a idéia de próximo ganha em status e identidade, sentido e realidade, em especial neste momento em que a fragmentação na sociedade contemporânea se faz presente com toda a força de conduzir as individualidades à exacerbação do eu, marcando ainda mais a própria ética espírita que considera o eu narcísico como fundamento e causa dos males que nos assolam.
Espetáculo a serviço do interesse do sistema
Feitas as reflexões, podemos voltar nosso olhar para os demais objetivos fundamentais deste texto. Desde logo se coloca a seguinte questão: é possível pensar uma relação mídia e sociedade sob os princípios da interação alteritária? Por extensão, cabe também questionar: a mídia especializada em Espiritismo possui condições de atender à ética da alteridade, considerando-se os seus postulados acima descritos? São duas questões inter-relacionadas e para as quais não se podem pretender respostas imediatas, mesmo que sejamos tentados a apresentá-las ou nos pareça tê-las na ponta da língua. Não sem antes estabelecermos uma boa reflexão sobre aspectos importantes da realidade midiática contemporânea, visando superar uma certa ingenuidade que assola a própria individualidade.
Comecemos por tocar na questão da enorme atração que a mídia exerce sobre as massas. Trata-se de um poder já bastante analisado por estudiosos diversos e demonstrado em pesquisas inúmeras, mas nossas reflexões aqui se estabelecem a partir da concepção de uma sociedade voltada ao espetáculo colocada com muita propriedade por Guy Debord , onde os meios técnicos de comunicação ocupam posição privilegiada. Temos, portanto, dois aspectos igualmente importantes à análise: a espetacularização da sociedade e a mídia. Já não é possível mais pensar um deles sem considerar o outro. Espetáculo e mídia se entrelaçam num entrecruzamento em que a mídia passa a conduzir o espetáculo e o exacerba para a sociedade, produzindo um sentido de convencimento de tal ordem que o ideal de sociedade deixa de possuir as características tradicionais para se transformar em ideal de espetáculo. O eu e o outro estão convencidos de que a identidade só se torna possível através da visibilidade midiática, proporcionando à mídia o nobre objetivo de tornar possível ao eu e ao outro alcançarem a sua identidade. O contraponto necessário aí é a percepção de que o ideal de felicidade assentado no espetáculo que a mídia incorpora não é o objetivo da mídia, pois a esta interessa o resultado que interessa ao capital investido. O ideal de felicidade que perpassa a mídia é fundado no consumo permanente, daí porque as mensagens publicitárias tratam de renovar sempre as necessidades e as possibilidades de serem atendidas. Mesmo a mídia enquanto produto que se vende a si mesmo não está aquém desta proposta de felicidade, pois reflete e reproduz o próprio sentido presente na proposta de consumo para alcançar a felicidade.
Em Debord, a idéia de uma sociedade do espetáculo se estende para além de interesses fragmentados deste ou daquele grupo, até mesmo da ação da mídia como parte econômica interessada. Conquanto a mídia ocupe aí lugar estratégivo e privilegiado, “o espectáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma parte da sociedade, e como instrumento de unificação. Enquanto parte da sociedade, ele é expressamente o sector que concentra todo o olhar e toda a consciência. Pelo próprio facto de este sector ser separado, ele é o lugar do olhar iludido e da falsa consciência; e a unificação que realiza não é outra coisa senão uma linguagem oficial da separação generalizada” .
Não será de todo inverídico afirmar que desde o instante em que o jornalismo adotou a técnica das grandes manchetes e proporcionou a si mesmo um salto quantitativo, amparado pelo desenvolvimento tecnológico das máquinas de imprimir, o desenvolvimento da mídia foi traçado de forma a caminhar em direção ao próprio espetáculo, pois o emprego de manchetes sensacionalistas, independentemente de quaisquer outras análises, constitui a entrada no mundo do espetáculo visível e visual por parte do único meio técnico de comunicação de massa de fato existente então. A exacerbação do espetáculo na contemporaneidade encontra no jornalismo sensacionalista um dos seus marcos iniciais.
Não está em questão uma discussão conceitual ou filosófica do sistema capitalista, mas a compreensão de que objetivos capitalistas predominantes na mídia se tornam inadequados à convivência não conflitual com a proposta de uma ética alteritária, pois esta é fundamentalmente uma proposta de subversão de todo e qualquer interesse que conflite com o respeito integral e absoluto ao outro. O interesse midiático, enquanto submetido ao interesse do capital, torna-se inapropriado à consecução de uma relação interativa em que o interesse do outro se constitui em ponto de partida e de chegada, pois que o interesse midiático só pode se realizar sendo ele mesmo ponto de partida e de chegada.
A espetacularização dos meios de comunicação, portanto, pode ser vista como perfeitamente adequada e coerente com os objetivos do sistema que os mantém, mas não pode receber a mesma consideração daqueles cujo verdadeiro interesse está centrado na valorização do outro e, portanto, de sua intimidade. A constatação de que, parodiando McLuhan, a mídia é o espetáculo não constitui apenas a crítica da mídia, mas uma outra constatação: a de que os meios técnicos levam à última conseqüência o seu empenho para alcançar e manter o domínio sobre a audiência.
Este olhar crítico se faz ainda mais oportuno quando se considera que duas doutrinas que transitam fundamentalmente pela trilha da ética de valorização do que há de mais humano e legítimo no cidadão podem se legitimar também enquanto conceitos que se identificam. Tanto a ética alteritária quanto a ética espírita se torna incompatível com a espetacularização da vida humana e a única forma de superar essa incompatibilidade está na noção de prevalência do outro enquanto individualidade ou enquanto sociedade. A questão, portanto, não pode ser resolvida no ambiente dos interesses do capital, onde os meios técnicos de comunicação se situam e onde sobrevivem como império dominante, porque os interesses do capital não foram concebidos para dividir o poder. A única maneira de se resolver isso é com a transgressão das normas estatuídas pelo sistema.
Enquanto isso, uma questão de fato reclama reflexão: de que forma as doutrinas éticas podem transitar pelos meios técnicos de comunicação sem ver abalada a sua integridade? Esta questão se faz ainda mais presente quando se tem como indiscutível o fato de a mídia de massa ser o caminho único para se falar a grandes audiências em tempo real.
A discussão aí assume outros contornos e passa inevitavelmente pela questão econômica, onde costuma predominar. Contudo, a discussão precisa se concentrar no sentido da espetacularização e do sistema predominante, que constituem, em última análise, uma questão de construção de uma consciência na forma de capacitação para compreender as condições em que a apropriação dos meios técnicos está sendo possível. Ou seja, torna-se necessário enfrentar a realidade da espetacularização como condição imposta pela mídia para seu funcionamento.
O que existe atualmente como prevalência é uma consciência moldada nos interesses e objetivos colocados, ou seja, de forma geral se considera que o espetáculo e a mídia são inerentes um ao outro como se fossem interdependentes e naturais ao sistema. Pois a noção de espetacularização passa exatamente pela compreensão dessa realidade, uma vez que, segundo coloca Debord, prevalece quase sempre a idéia de que o que é bom está na mídia e o que está na mídia é bom. A esta tal consciência é preciso interpor uma outra, a de que a utilização dos meios técnicos de comunicação dentro das regras impostas pelo sistema torna-se impraticável quando o que se pretende é uma ação comprometida com a alteridade.
Na mesma linha de raciocínio se coloca a questão de uma visão instrumental da mídia ou qualquer proposta que pretenda resolver as dificuldades de acesso à mídia de massa, pois a consideração meramente instrumental, de uso dos meios técnicos sob a visão imperativa de sua necessidade para difusão dos ideais ético-doutrinários reforça apenas a incosnciência quanto às condições de produção da comunicação aí colocadas.
Mais uma vez: alteridade e espetacularização da vida humana são inconciliáveis. Resta, então, encontrar, até mesmo antes dos recursos econômicos e financeiros de sustentação do uso dos meios técnicos, o ponto de equilíbrio entre o uso criterioso desses meios e a ética que o motiva. Tem-se necessidade de responder a questões cruciais, portanto, tais como: sobre que base e condições serão produzidos e apresentados, por exemplo, programas de rádio e especialmente de televisão que atendam ao mesmo tempo os interesses que conduzem os espíritas aos meios técnicos e o suporte ético imanente? De que forma a noção de sociedade do espetáculo pode nortear a ação sobre a mídia para minimizar os efeitos da dominação pelo próprio espetáculo. Uma vez que o espetáculo se apresenta atualmente de forma insinuante, convincente, como uma forma de vida natural e naturalizada, a tendência da consciência se faz no sentido de unicamente lutar para alcançar os meios técnicos de comunicação e fazer o melhor uso deles em benefício da filosofia de vida norteadora da individualidade. Mas cidadãos comprometidos com a ética alteritária e espírita não podem se satisfazer com isso apenas, sob pena de aumentarem o vazio entre o as condições da práxis cotidiana e o ideal de felicidade humana.
Conclusão
A consciência promanada da ética da alteridade e da ética espírita, em suas interconexões, juntamente com a análise das condições colocadas pela noção de uma sociedade voltada à espetacularização da vida humana, contribui para a compreensão de que o acesso ao mundo midiático é apenas um caminho para o enfrentamento de outros conflitos, principalmente o conflito entre o espetáculo e o outro. A luta pelo domínio do mundo midiático é uma luta de poder e o comum, historicamente, tem sido o homem lutar pelo poder e, ao alcançá-lo, submeter-se às suas condições. Provado está que, quase nunca, a tomada do poder significa mudança do status quo. E aí, então, caberia fazer uma última pergunta: qual é a vantagem de tomar o poder e continuar o exercício de dominação que o poder confere? Em termos espíritas se poderia perguntar: de que vale poder falar a grandes audiências se estas audiências apenas mudam de canal, mas não de mensagem?
Bibliografia
BAKHTIN, Mikail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo, 8a, Hucitec, 1997.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo, Lisboa, Edições Mobilis in Móbile, 1991.
GARCIA, Wilson. A dinâmica cultural na comunicação de massa: uma análise das expressões populares na publicidade e editorial da revista Veja (2003). Dissertação de Mestrado na Faculdade Cásper Líbero.
KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Capivari, Ed. EME, trad. Herculano Pires, 1997.