Mais de 2 mil visualizações comprovam que o evento era de fato ansiosamente aguardado. Agora, todos poderão ver, estudar e analisar documentos originais do fundador do espiritismo.
Uma parceria entre o CDOR, Centro de Documentação e Obras Raras da Fundação Espírita André Luís (CEAL) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) coloca a público o acervo importante cuidado e conservado por Canuto de Abreu, que contém documentos e cartas de Allan Kardec e do próprio Canuto.
Trata-se de um evento, ocorrido hoje, 1º de setembro de 2020, que deve ser visto pelos meios espíritas e acadêmicos como dos mais destacados das últimas décadas, não só pelo tempo de espera, mas também pela sua repercussão e influência nos estudos do nascimento, desenvolvimento e expansão da doutrina originada pelo empenho de Allan Kardec.
Uma história dos percalços que essa documentação sofreu será um dia totalmente esclarecida pelos fatos, dada a necessidade de mostrar a verdade. Quando vivo, Canuto de Abreu foi assediado, importunado, por demais pressionado a divulgar o seu acervo, especialmente alguns documentos.
Com a publicação da parceria do CDOR-FEAL com a UFJF oficialmente feita, tem-se como garantida que todos os documentos estarão ao alcance dos interessados e não interessados, impedindo, assim, que sejam furtados ao conhecimento da sociedade por não interessarem a grupos específicos de conservadores, que se sentem ameaçados em seus interesses.
O conhecimento das Cartas de Kardec e documentos complementares promete revelar o homem, o missionário, a personalidade e os interesses em jogo, que passaram ao largo do saber e da clareza tão fortemente reclamada.
Qualquer pesquisador poderá, a seu talante, acessar os documentos e analisá-los segundo seu projeto, suas dúvidas, sua ótica, seu critério histórico, sem dever obediência a quem quer que seja, a sua autonomia e liberdade, condições indispensáveis para escrever e reescrever o trajetória do espiritismo como de fato Kardec deixou expresso em suas esperanças quanto ao futuro.
O evento de lançamento do portal, cujo endereço eletrônico pode ser acessado em Projeto Allan Kardec, constitui-se um dos mais destacados dos últimos tempos, devido sua importância. Dele participaram representantes da academia, da Fundação Espírita André Luiz, além do biógrafo de Kardec Marcel Soto Maior e destacados pesquisadores como a francesa Marion Aubrée. A recepção pela Universidade Federal de Juiz de Fora do acervo demonstra a clareza mental a respeito do trabalho científico, que deve estar acima de interesses pessoais e grupais, para atender ao interesse maior da sociedade. Ciência que impõe restrições ao conhecimento não é ciência na acepção do termo, mas política das piores.
A verdade não tem dono, ela é de todos e para todos. Nesta linha de raciocínio, o conhecimento não pode ficar restrito, preso, aos desejos de indivíduos ou grupos, pois se trata de patrimônio imaterial pertencente à sociedade. Nenhum argumento será capaz de contrariar esse axioma.
Por Wilson Garcia
Presidente do CPDoc, diretor de Comunicação do CCDPE, membro do Conselho da Fundação J. Herculano Pires e pesquisador do CDOR.
Muito interessante tomarmos conhecimento das ideias, verdadeiras de Kardec.
Grata pela oportunidade.
Em muitos dos seus livros, Kardec é mais importante que a doutrina espirita. Mas em outtro escreve isso:
“Lembrando Herculano, o escritor Wilson chama a atenção para a necessidade de encararmos a mediunidade como fato natural; o médium, consequentemente, é apenas um instrumento de trabalho do mundo espiritual e não deve receber curvaturas e honrarias dedicadas, nos horizontes
primitivos e oracular, a indivíduos então considerados especiais. O Espiritismo veio colocar os pontos nos “ii”, e não podemos entender como os espíritas continuam a endeusar os médiuns, provocando-lhes quedas terríveis. Preocupam- -se mais em divulgar os médiuns do que a Doutrina Espírita. Já é hora de uma mudança nesse sentido. “Santinhos” de médiuns devem deixar de existir na casa espírita. Raros médiuns conseguem, como Chico Xavier e mesmo Divaldo Pereira Franco, resistir à vaidade. Wilson demonstra a importância. Kardec não é a doutrina, ele foi apenas o codificador, é não escritor. Devemos saber a diferença entre escrever, transcrever e psicografar.
Adail Sidnei Cordeiro. ljcordir@hotmail.com 51 981831845