Ficaria muito agradecido a cada um de vocês, se puderem analisar o pensamento expresso no texto abaixo, especialmente no tocante ao uso da palmatória mencionado em um ponto. Com os tempos atuais reprimindo qualquer atitude dos pais que passe por um leve castigo físico que seja, será que o Irmão X manteria a integralidade deste artigo ou as coisas também mudam de visão no mundo espiritual, adequando-se à nova realidade do mundo social?
Os questionamentos acima são do nosso amigo Marcus Vinícius Ferraz Pacheco. O texto a que se refere tem por título “Resposta do além” (ver post separado), autoria do Irmão X presente no livro “Luz no lar”, datado de 1968 e psicografado por Chico Xavier, livro que reúne páginas de diversos outros autores.
Como se observa, as dúvidas dizem respeito ao complexo tema da Educação e apontam para dois contextos diferentes: o do momento em que o texto é apresentado pelos autores e o momento atual, quase meio século depois. Não é preciso dizer que há profundas diferenças entre tais contextos e certamente isso motivou as reflexões do amigo Marcus Vinicius.
Considero o texto assinado pelo Irmão X primoroso e atemporal, embora tenha sido motivado por um questionamento particular pontual. O autor aproveita a oportunidade de uma pergunta que lhe foi dirigida por uma mãe para uma abordagem com dois vieses, justamente aqueles muito intensamente abordados na atualidade: as responsabilidades do lar e da escola na educação dos filhos. E trata o assunto com uma virilidade irretorquível.
Exemplar esta frase: “Em cada cidade do mundo pode haver um Pestalozzi que coopere na formação do caráter infantil, mas ninguém pode substituir os pais na esfera educativa do coração”.
Irmão X chama a atenção para o que denomina “velho manto das fantasias” que contamina o olhar e provoca a “cegueira do sangue”, desenvolvendo crenças falsas sobre diferenças sociais que nada mais são do que preconceitos que contaminam a mente dos filhos, traduzindo-se por heranças culturais danosas que estarão presentes no seu agir no mundo.
A postura do autor reúne sinceridade e franqueza ao colocar à sua consulente que muitas mães se deixam levar pela inversão de valores na educação dos filhos, disso só vindo a esclarecer-se após a morte, quando o véu da ilusão se desfaz e o chamado amor maternal se mostra em sua feição cruelmente egoísta.
Já, então, Irmão X é levado a referir-se às consequências dessa educação do sentimento desleixada. É quando aponta para a violência que se instala nos filhos contra os próprios pais, manifesta por desrespeito e outras formas na relação cotidiana. Confunde-se ternura e amor com ausência de energia na ação educativa. Daí no dizer do autor o vício que os pais infundem nos filhos com uma felicidade ilusória.
“Horrorizamo-nos quando alguém nos fala em corrigenda e trabalho”, pontua o autor, para a seguir nos oferecer a frase que dá título a este nosso texto: “A palmatória e a oficina destinam-se aos filhos alheios”.
À evidência, Irmão X não está falando daquele instrumento corretivo muito utilizado nas salas de aula do passado que hoje seria algo estarrecedor, abominável. Não se trata de apologia do emprego então nem sugestão absurda para o presente. A palmatória, aqui, é palavra meramente simbólica, representativa da energia que precisa ser aliada da ternura na verdadeira educação, da mesma forma que a palavra oficina, entre outros, possui o significado do labor, da experiência que dá sustentação ao aprendizado.
Estudos e pesquisas apontam hoje claramente o que corresponde ao lar e à escola na educação. O texto do Irmão X aduz o ingrediente que é ainda ausente aí: a reencarnação, que faz aportar nos novos corpos físicos espíritos multimilenários, com suas experiências passadas, necessidades futuras e potenciais a serem trabalhados a partir da família na qual se instalam.
Quando pais e mães, por incompreensão e egoísmo, não encontram a dose certa de energia e ternura na educação dos filhos e os embalam nas cantigas doces da ilusão da vida, com certeza os encontrarão mais à frente colhendo os resultados nas duras experiências do destino.
A “cegueira do sangue”, que hoje se expressa por múltiplas significações, é filha de uma cultura do equívoco. A sociedade carece de uma nova Educação. E a família de uma cultura da verdade.
Grande Wilson! Obrigado por converter um simples questionamento, feito com o único propósito de obter um esclarecimento pessoal, em uma excelente reflexão de tamanha abrangência, acerca desse tema tão delicado e oportuno.
Abraços do Irmão e amigo,
Marcus Vinicius Ferraz Pacheco